Aritmética política – tendência estatística surgida na Inglaterra durante o século XVII, e que tinha como principal preocupação o estudo estatístico dos fenômenos sociais e políticos.
Termo correspondente em inglês – political arithmetic.
Veja também – William Petty.
Afinal, o que é Aritmética Política?
Aritmética política é uma disciplina socioeconômica que se acredita ter começado no século XVII nas mãos de William Petty (1623-1687), médico, filósofo e economista inglês pré-clássico.
Aliás, foi William Petty – o pioneiro nos estudos da Economia Política, propondo a utilização de métodos quantitativos – por ele chamado de aritmética política, como meio de análise da riqueza de um país.
Aos olhos de seu fundador, isso não deveria ser entendido como um ramo da estatística, mas sim como uma extensão do campo das ciências sociais, das novas ideias e, de forma mais geral, da nova concepção de mundo que se impunha no campo das ciências naturais.
Perto queria introduzir o método quantitativo na análise dos fenômenos sociais, para permitir um tratamento mais rigoroso. Petty não se limita a descrever os fenômenos sociais em termos quantitativos, mas raciocina a partir de dados empíricos obtidos da realidade.
Muitas vezes ele obtém os mesmos dados necessários para a análise por meio de cadeias dedutivas complexas do tipo aritmético-quantitativo. Estes permitem-lhe explorar a escassa informação disponível de infinitas maneiras diferentes. Ele não quer apenas detectar e descrever a realidade “em termos de número, peso e medida”, mas se expressar nesses termos na tentativa de interpretar a realidade, identificando suas principais características.
Os representantes dessa tendência elaboraram as (primeiras) tabelas de mortalidade. Seus principais representantes foram William Petty, John Graunt e o astrônomo Edmund Halley.
Da aritmética política para a estatística
É muito comum entender como estatística qualquer estudo (mais ou menos breve) que consiste em uma descrição gráfica e/ou numérica de um conjunto de dados.
A Estatística como ciência (de dados e probabilidade) surgiu como um processo de transformação de três disciplinas que se iniciou em meados do século XVII: a Aritmética Política inglesa , a Statistik alemã e a Théorie mathématique des probabilités francesa.
A princípio, a estatística se dedicava exclusivamente à coleta de informações por meio de dados realizados por entidades oficiais. Posteriormente, esse tipo de estudo foi vinculado à teoria matemática das probabilidades, para depois convergir para a atual ciência dos dados.
Desde a antiguidade, os diferentes governos realizaram, de forma contínua ou descontínua, os chamados recenseamentos populacionais, destinados principalmente ao controle do número de habitantes e ao pagamento de impostos. Os censos são conhecidos desde datas muito antigas na China, no Egito, no Império Romano…
A partir do século XVII, alguns pesquisadores começaram a pensar que os dados numéricos obtidos nesses censos talvez pudessem ser usados para interpretar o comportamento da sociedade. Através da observação dos dados ao longo do tempo, verificou-se que houve determinados padrões que se mantiveram invariavelmente, ou que se alteraram de alguma forma que nos permitisse intuir a forma e magnitude dessa mudança.
Quem primeiro observou essa qualidade dos dados foram os ingleses. O primeiro a utilizar a análise estatística para estudar os problemas sociais foi John Graunt (1620-1674), considerado o primeiro demógrafo, fundador da bioestatística e precursor da epidemiologia; por meio de sua obra Natural and Political Observations on the Bills of Mortality.
A obra de John Graunt foi pioneira no tipo de análise, pois não se limitou a descrever as figuras, mas a dar-lhes conteúdo e lançar as bases do trabalho que mais tarde seria necessário para a introdução de qualquer reforma social.
Mais tarde, William Petty, introduziu a expressão aritmética política (Cullen, 1975), que mais tarde derivaria em estatísticas sociais. Esta foi definida como uma ciência da sociedade cujas conclusões dependem de números e medições .
Entre 1780 e 1830 começaram a surgir na Grã-Bretanha alguns sinais de expansão e diversificação das técnicas e usos das estatísticas sociais: instituiu-se um censo nacional, reforçou-se o desenvolvimento das estatísticas médicas, propuseram-se e aplicaram-se novas técnicas de análise a problemas até então não quantificados (Cullen, 1975). Nesse período surgiu o termo statistics na língua inglesa, como uma tradução da palavra alemã Statistik. Seguindo a tradição alemã, o neologismo inglês foi definido como a ciência que ensina a ordem política dos Estados modernos conhecidos no mundo.
Na Alemanha, porém, a palavra Statistik tinha um significado diferente, sendo definida como ciencia que se ocupava dos estados naturais da sociedade. Um dos precursores da disciplina, Johann Peter Süssmilch (1707-1767), sacerdote, estatístico e demógrafo alemão, por exemplo, argumentou em seu livro “A Ordem Divina” que as diferenças nas taxas de natalidade e mortalidade de meninos e meninas se equilibram perfeitamente.
Dessa forma, começou a ser considerada a ideia de que a sociedade mantinha regras que nenhum governante decretava. O próprio Immanuel Kant falou de “leis universais”. Em 1752, Gottfried Achenwall, (economista e professor em Göttingen; 1719-1772) apresentou um trabalho sobre as constituições de vários estados europeus, descrevendo, de forma semelhante ao que hoje chamaríamos de estatísticas, detalhes sobre sua agricultura, indústria e comércio.
Um dos primeiros trabalhos estatísticos, nesse sentido, apareceu pela primeira vez no idioma inglês em 1791, com a publicação do primeiro dos 21 volumes do Statistical Account of Scotland. Nelas, John Sinclair (1754-1835) descrevia a pesquisa estatística como aquela que faz referência à população, às circunstâncias políticas, à produção e a outros aspectos do Estado. Enquanto as investigações alemãs chamadas statistik se interessavam pelas questões do Estado, as propostas por Sinclair buscavam determinar a forma de progresso para o povo. Ele foi a primeira pessoa a usar o termo “estatística” na língua inglesa.
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Fontes de pesquisa e de referência
Para produzir esse conteúdo tivemos a ajuda dos seguintes autor(es) e publicações:
- AMIGÁVEL, Miguel. A.-M. As ‘Estatísticas Morais da França’ de Guerry: Desafios para a Análise Espacial Multivariável. Ciência Estatística. JSTOR, 368–99, 2007.
- CULLEN, Michael J. The Statistical Movement in Early Victorian Britain: The Foundations of Empirical Social Research. Imprensa da colheitadeira, 1975.
- PETTY, William. Aritmetica politica. Napoli : Liguori Editore, 1986.
- PORTER, Theodore M. The Rise of Statistical Thinking, 1820–1900. 1. ed. Princeton University Press, 2020.
Como citar esse artigo em seus trabalhos
Aritmética Política. In: Dificio – seu dicionário on-line de finanças, investimentos e contabilidade, 2023. Disponível em: <https://www.dificio.com.br/aritmetica-politica>. Acesso em: dia, mês e ano.