A maior organização bancária do país. É uma sociedade anônima de economia mista, na qual o governo federal detém 51% das ações. Com essa maioria, o governo exerce o controle do banco, cabendo-lhe a nomeação do presidente e dos principais diretores. Possuía em 2007 cerca de 25 milhões de clientes correntistas, mais de 15 mil postos de atendimento espalhados por cerca de 3 mil cidades e operava em 22 países. O Banco do Brasil tem como atribuições principais: incrementar a produção nacional e executar a política financeira e creditícia do governo; arrecadar os depósitos voluntários das instituições financeiras; executar a política de preços mínimos dos produtos agropecuários; comprar e financiar a produção de produtos exportáveis; conceder empréstimos e descontos por meio de suas carteiras de Crédito Geral (Crege), de Crédito Agrícola e Industrial (Creai), e de Comércio Exterior (Cacex); arrecadar impostos ou rendas federais e colocar no mercado obrigações, apólices e letras do Tesouro Nacional; ser agente recebedor e pagador fora do país; executar o serviço de compensação de cheques e outros papéis; receber com exclusividade, sob a forma de depósitos, as disponibilidades financeiras dos ministérios e demais repartições federais, civis e militares. É uma das autoridades monetárias. Histórico Fundado em 12 outubro de 1808 através de um alvará do Príncipe Regente por D. João, o Banco do Brasil foi constituído por um capital de 1.200 ações de um conto de réis cada uma a serem adquiridas pelas pessoas mais ricas e representativas da Colônia. Esta primeira oferta pública de ações só se completou, no entanto, nove anos depois, em 1817. Com o retorno de D. João VI e a respectiva Corte para Portugal em 1821, o banco que já vinha sendo dilapidado pelo governo sofreu mais um duro golpe, pois o monarca levou todas as reservas de metais preciosos (ouro e prata) do Banco para Portugal, o que resultou no seu fechamento em 1829 e à sua liquidação em 1833. O decreto de 1º de junho de 1833 retira de circulação as cédulas de emissão do Banco do Brasil e as substitui por cédulas de emissão do Tesouro Nacional. Em 1851 Irineu Evangelista de Souza, que viria a ser o barão e visconde de Mauá, criou uma instituição financeira denominada Banco do Brasil com um capital de 10.000 contos de réis. Dois anos depois a Lei nº 1.223, de 31 de agosto de 1853, aprova os estatutos do terceiro Banco do Brasil e a fusão com o anteriormente criado Banco Comercial do Rio de Janeiro por uma iniciativa legislativa comandada pelo visconde de Itaboraí, que é considerado o verdadeiro fundador do Banco do Brasil. Em 1854 o Banco do Brasil inicia suas operações comerciais como entidade privada, isto é, sem intervenção do governo, embora estabelecendo concursos públicos para o preenchimento de seus quadros de funcionários. Em 1860 foi assinada a Lei nº 1.083 de reforma bancária, estabelecendo que as emissões de papel-moeda deveriam ser realizadas somente com lastro de metais preciosos, e três anos mais tarde o Banco do Brasil era o único órgão emissor de meio circulante no território nacional. A Lei nº 1.172, de 28 de agosto de 1862, determina a fusão do Banco Rural e Hipotecário com o Banco Comercial e Agrícola e com o Banco do Brasil estabelecendo normas para a reorganização deste último. Em 1864 a quebra de grandes e importantes casas financeiras no Rio de Janeiro, como a Casa Souto, a Gomes&Filhos, a Montenegro&Lima, a Oliveira& Belo e a Amaral&Pinto cujos passivos somavam cerca de 130 mil contos de réis contra depósitos de 50 mil contos de réis, provocou uma crise financeira de proporções, pois o Banco do Brasil havia emprestado considerável quantidade de recursos a estas empresas, além do que estabelecia a Lei nº 1.083 de 1860. A crise exigiu uma intervenção do Governo Imperial dando curso forçado às cédulas emitidas pelo Banco do Brasil. O resultado da crise foi um número expressivo de falências e concordatas, a queda da cotação das ações do Banco do Brasil, o aumento do preço do ouro e um incremento substantivo da circulação fiduciária. A Guerra do Paraguai iniciada em 1865 e suas necessidades de financiamento (leiam-se perdas de reservas metálicas) levaram a novas normas de funcionamento do Banco do Brasil. A Lei nº 1.349 interrompia a faculdade de emissão do Banco do Brasil, reduzindo-o a uma instituição de recebimento de depósitos, descontos e empréstimos sobre hipotecas. Com o desenvolvimento da atividade cafeeira durante os anos 1880 o Banco do Brasil torna-se uma instituição de fomento da economia, abrindo linhas de crédito para a agricultura, para o financiamento da migração de mão de obra europeia e viabiliza aumento da circulação monetária resultante da libertação dos escravos em 1888. Em 1893 os acionistas aprovaram a fusão do Banco do Brasil com o anteriormente criado Banco da República dos Estados Unidos do Brasil, que se tornou a única entidade emissora de moeda na Capital Federal. Esta função foi extinta em 1897, tornando-se o Tesouro Nacional outra vez a única entidade emissora. A palavra república permaneceu no nome do Banco até 1906, quando ele voltou a ser denominado Banco do Brasil. No ano anterior o governo, com autorização do Congresso e anuência dos acionistas privados, passa a deter 50% do capital do banco. Durante os anos 1930 o Banco do Brasil criou importantes instrumentos para o apoio da recuperação econômica, como foi o caso da Carteira de Crédito Agrícola e Industrial. Captando recursos nos recém-criados institutos de aposentadorias e pensões, o banco financiava a aquisição de equipamentos, máquinas, sementes e adubos para a agricultura e a indústria e o financiamento da comercialização das safras. Em 1945 foi criada a Sumoc (Superintendência da Moeda e do Crédito) com a responsabilidade de fixar os percentuais de reservas obrigatórias dos bancos comerciais, as taxas de redesconto, a assistência financeira para a manutenção da liquidez e a afixação da taxa de juros sobre os depósitos bancários. Além dessas atividades, supervisionava a atuação dos bancos comerciais, orientava a política cambial e representava o país junto a organismos internacionais. Estas atividades próprias de um Banco Central constituíram uma experiência importante quando em 1964 foi criado o Banco Central do Brasil. Em 1953, através da Lei nº 2.145, foi criada a carteira de Comércio Exterior (Cacex), que substituía a antiga Carteira de Exportação e Importação, cujas principais atribuições eram a emissão de licenças de importação e o estabelecimento de sobretaxas de câmbio. Em 1960 sua sede foi transferida do Rio de Janeiro para a nova capital: Brasília. Em dezembro de 1964, já durante o primeiro governo militar, a Lei nº 4.595 (Lei da Reforma Bancária) extinguiu a Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc) e criou o Banco Central e o Conselho Monetário Nacional. O Banco do Brasil reduz gradativamente seu papel de autoridade monetária, mas é o agente emissor que lança ao público as ORTN ( Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional), títulos que exerceriam um papel muito importante no recém-criado mercado de capitais no Brasil. Em 1967 o banco passa a ampliar sua presença no plano internacional, abrindo uma filial em Nova York e dois anos depois suas ações passam a ser negociadas na Bolsa de Valores daquela cidade. Em 1986, ano em que o Plano Cruzado é lançado como instrumento para terminar com a inflação, o banco perde a chamada Conta Movimento, que assegurava o suprimento automático de recursos para as suas operações. A medida visava o controle da expansão dos meios de pagamento. Neste mesmo ano o Banco constitui a BB Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, e no ano seguinte outras subsidiárias como a BB Financeira S.A., a BB Leasing S.A., a BB Corretora de Seguros e Administradora de Bens e a BB Administradora de Cartões de Crédito S.A., constituindo um verdadeiro conglomerado financeiro. Em 1994, com a adoção do Plano Real, o Banco do Brasil assim como outras instituições financeiras deixam de receber os ganhos obtidos com o imposto inflacionário acusando grandes déficits. Em 1996 o banco fechou o ano com um déficit de 7,6 bilhões de reais e foi obrigado a compensá-lo com a ajuda de seu principal acionista, o governo federal, com uma chamada de capital de cerca de 8 bilhões de reais. Depois da crise de 1996 o Banco do Brasil obteve lucros sucessivos e em 2006 completou 100 anos de listagem de suas ações em Bolsa de Valores. Em 2001 adotou a configuração de Banco Múltiplo. Veja também Autoridades Monetárias; Banco Central do Brasil; Banco Múltiplo; Comissão de Valores Mobiliários; Conselho Monetário Nacional; Imposto Inflacionário; Mauá, Barão e Visconde de; Plano Cruzado; Plano Real; Sumoc.