Instrumento de estabilização da moeda criado durante o governo do presidente Washington Luís pelo Decreto nº 5.108, de 18/12/1926. A criação deste instrumento significou a volta do Brasil ao padrão-ouro (ou ao padrão câmbio-ouro), e a taxa cambial foi fixada em 6 d. (pence) por mil-réis. Para muitos que desejavam a volta à paridade de 1846 (27d./mil-réis), ou à correspondente à de 1906, de 15d./mil-réis (Caixa de Conversão), esta desvalorização significava um aviltamento da moeda nacional — inclusive esta taxa foi apelidada de Taxa Vil —, embora beneficiasse os produtores de café, especialmente os exportadores, e correspondesse mais ou menos a uma taxa de equilíbrio correspondente à paridade do poder de compra da libra e do mil-réis. Os fundamentos da Caixa de Estabilização estavam vinculados à rejeição do recurso à deflação como meio de estabilizar as economias que, depois da Primeira Guerra Mundial, haviam sofrido fortes processos inflacionários, como a Alemanha, a Áustria, a França e a Itália, à convicção de que as taxas deveriam ter como referencial a paridade do poder de compra, e à manutenção das taxas cambiais estabelecidas por uma política fiscal rígida, isto é, sem déficits nas contas públicas que exigissem a emissão de moeda para cobri-los e, consequentemente, uma pressão inflacionária que colocasse em perigo a estabilidade cambial. O ideal de Washington Luís era que toda a moeda emitida se tornasse conversível. Isso, no entanto, não acontecia: em relação ao total de moeda em circulação, as emissões da Caixa de Estabilização alcançaram apenas 1/3 do total. No entanto, a fixação dessa taxa cambial, considerada baixa (isto é, o mil-réis desvalorizado em face da libra), fez com que houvesse um fluxo de capitais estrangeiros para o Brasil para a compra de ativos que teriam se tornado baratos devido a essa desvalorização. De fato, as reservas cambiais do Brasil entre 1925 e 1929 cresceram de 69 milhões de dólares (54 em ouro e 15 em moedas estrangeiras) para 177 milhões (sendo 150 em ouro e 17 em moedas estrangeiras). Com a crise econômica iniciada em outubro de 1929, o fundamento da Caixa de Estabilização desaparece e o sistema de conversibilidade é abandonado. No entanto, a manutenção da mesma taxa cambial praticamente durante o ano de 1930 provoca o desaparecimento das reservas em ouro e a manutenção de apenas uma fração das reservas anteriores em moedas estrangeiras, que seriam em seguida desvalorizadas, como o dólar e a libra esterlina: em 1931, as reservas em ouro eram praticamente inexistentes, e em moedas estrangeiras o Brasil mantinha apenas 14 milhões de dólares. Veja também Caixa de Conversão; Conversibilidade; Paridade do Poder de Compra; Padrão Câmbio-ouro; Padrão-ouro.