O conjunto dos grupos sociais de base familiar que, em grau diverso de autonomia, se dedica a atividades agrícolas em glebas determinadas. Em termos gerais, caracteriza-se por produzir baseando-se no trabalho da família, empregando eventualmente mão de obra assalariada; por possuir a propriedade dos instrumentos de trabalho (enxadas, arados, animais de tração etc.); por ter autonomia total ou parcial na gestão da propriedade; por ser dono de parte ou da totalidade da produção. Segundo sua relação com a propriedade, o campesinato pode ser dependente ou não. Eram dependentes os servos medievais (considerados parte da própria terra) e os camponeses livres, que viviam sob a proteção do senhor feudal e lhe pagavam um tributo em forma de trabalho (corveia). Embora a utilização do termo seja objeto de ampla discussão e controvérsias, atualmente estão nessa última categoria os rendeiros, meeiros ou parceiros, que entregam ao proprietário parte do produto ou pagam a ele uma renda (em dinheiro, em produto ou em trabalho, ou nessas formas combinadas) para cultivar determinada área. O campesinato independente abrange, fundamentalmente, o grupo familiar que tem a posse total da gleba em que trabalha. Na Idade Média, o campesinato tornou-se base de todo o sistema social. Ao longo do processo de evolução do capitalismo, sua existência tem sido constantemente ameaçada diante do avanço da grande propriedade e das técnicas de cultivo a ela inerentes. O exemplo mais radical dessa tendência é a Inglaterra, onde a pequena propriedade camponesa praticamente desapareceu. Na História recente do Brasil, o campesinato tem desempenhado importante papel no desbravamento das regiões de expansão da fronteira agrícola (Norte e Centro-Oeste), onde têm sido intensos seus conflitos com a grande propriedade. Em geral, à medida que a produção capitalista avança, o campesinato vai perdendo espaço, enquanto cresce o contingente de assalariados itinerantes (os chamados boias-frias) que compõem o proletariado rural.