Conceito desenvolvido pelo economista belga Ernest Mandel em seu livro O Capitalismo Tardio (1972), e que caracterizaria a atual fase do capitalismo monopolista, desencadeada a partir de uma terceira revolução tecnológica (1940-1945), com a crescente introdução da automação na produção, a internacionalização e centralização do capital em conglomerados multinacionais, a rápida depreciação e o encurtamento do tempo de rotação do capital fixo e a busca do superlucro como principal estímulo de acumulação. Mandel destaca o capitalismo em uma fase concorrencial, surgida como resultado da Revolução Industrial no fim do século XVIII, dividida em duas subfases, entre 1848 (ano que classifica como o do início da primeira revolução tecnológica, com a produção de motores a vapor) e 1873; e o capitalismo monopolista ou imperialista, também subdividido em duas fases: a clássica, marcada pelo esgotamento da expansão da primeira revolução tecnológica, e a do capitalismo tardio, moldado pela terceira revolução tecnológica, com a introdução da automação na produção e o desenvolvimento da energia nuclear. A segunda revolução tecnológica, iniciada em 1896, com a criação e aplicação do motor elétrico e do motor a explosão, apesar de sua repercussão, não caracteriza para Mandel nenhuma subfase específica do capitalismo. O crescente uso da automação e da regulação eletrônica da produção, que caracterizaria o capitalismo tardio, provoca, segundo Mandel, aumento da composição orgânica do capital e queda da taxa de lucro, definindo uma crise estrutural do modo de produção capitalista ou “uma crise histórica de valorização do capital”, já que nas fábricas inteiramente automatizadas, não havendo trabalho humano, também não haverá produção de mais-valia. O desenvolvimento tecnológico, mediante o aumento de despesas com pesquisas e sua organização como ramo autônomo da divisão do trabalho (possibilitada pela valorização das rendas tecnológicas, que se tornaram a principal fonte de superlucros), proporcionou uma depreciação mais rápida do capital fixo e o encurtamento do tempo de sua rotação, exigindo um planejamento empresarial mais abrangente. Esse fato explicaria a centralização do capital por meio dos conglomerados multinacionais e a tendência inerente ao capitalismo tardio de ampliar o controle sistemático sobre todos os elementos dos processos de produção, circulação e reprodução. No plano ideológico, o capitalismo tardio substituiu a crença no individualismo e na competição sem limites pela fé na ciência e na técnica, cujos princípios devem organizar e planejar a sociedade e a economia. Veja também Capitalismo; Mandel, Ernest.