Período da história econômica do Brasil, compreendido entre 1830 e 1930, marcado pelo desenvolvimento da cultura do café, produto dominante no comércio exterior do país e motivador da expansão da fronteira agrícola na época. Introduzido no Brasil por volta de 1727, o cultivo do café atingiu um peso significativo no conjunto da economia nacional em meados do século XIX, quando se tornou o principal produto de exportação. Contribuíram para isso o declínio da economia açucareira do Nordeste, a ruína da cultura do algodão e a decadência da mineração, que liberaram grandes contingentes de mão de obra escrava e recursos financeiros para serem empregados em atividades mais lucrativas. Ao mesmo tempo ocorria um aumento da demanda de café na Europa e nos Estados Unidos, e a ruína da agricultura cafeeira em Java (devido a uma praga) e no Haiti (por levantes de escravos), fatos que contribuíram para transformar o Brasil no maior fornecedor do mercado mundial (desde 1840). Até 1870, o principal centro de comercialização e exportação do produto foi o Rio de Janeiro, pois a principal área produtora era o vale do rio Paraíba. Com o esgotamento das possibilidades agrícolas da região, a expansão da cultura do café deslocou-se para o Oeste paulista (região de Campinas), atingindo em seguida o Oeste novo, rumo a Ribeirão Preto e Araraquara. Então, Santos tornou-se o principal centro exportador do produto e expandiram-se as ferrovias. O desenvolvimento da economia cafeeira em São Paulo teve profundas consequências para o conjunto da sociedade brasileira. A necessidade de mão de obra provocou o incremento à imigração de europeus (paralelamente à desagregação do trabalho escravo) e as riquezas acumuladas na comercialização do café proporcionaram a ampliação, sem precedentes, das atividades industriais, comerciais e financeiras. No plano político, implantou-se a hegemonia de São Paulo, cujo papel foi decisivo na proclamação da República. Ao iniciar-se o século XX, o Brasil detinha três quartos da produção mundial de café e acumulava grandes estoques, configurando-se uma crise de superprodução. Para enfrentá-la, os principais Estados produtores (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) reuniram-se em 1906 na Convenção de Taubaté e estabeleceram um plano de valorização do produto (compra de toda a produção, proibição de novos plantios, retenção dos estoques enquanto os preços não atingissem níveis adequados). Uma nova política de valorização, em âmbito federal, foi implantada em 1933 com a criação do Departamento Nacional do Café (queima de estoques, erradicação de velhos cafezais). Com o abandono dessa política no governo Dutra (1946- 51), sobreveio nova crise e, em 1952, o governo Vargas restabeleceu o controle criando o Instituto Brasileiro do Café (IBC). A partir de então, a participação do café no conjunto das exportações diminuiu sensivelmente, e em meados da década de 70 as manufaturas já suplantavam aquele produto em termos de produção de divisas. No início da década de 80, o café participava com cerca de 10% do valor total das exportações brasileiras.