Flutuação periódica e alternada de expansão e contração de toda atividade econômica (industrial, agrícola e comercial) de um país ou de um conjunto de países. Um ciclo típico consiste num período de expansão econômica, seguido de uma recessão, de um período de depressão e um novo movimento ascendente ou de recuperação econômica. Os ciclos de longa duração, chamados ciclos de Kondratieff, são marcados por períodos de sessenta anos de ascensão ou declínio da economia mundial. Distinguem-se do ciclo Juglar, de seis a dez anos, e do ciclo dos estoques ou ciclo Kitchin, de cerca de quarenta meses. Já na história econômica brasileira, o termo ciclo é usado para designar os períodos de predomínio de determinados produtos coloniais de exportação como o açúcar, o ouro e o café. O registro das variações cíclicas, com períodos alternados de altas e baixas dos níveis da atividade econômica, remonta ao fim do século XVIII. As teorias dos ciclos econômicos são numerosas e variadas. As teorias da superprodução e subconsumo explicam os ciclos com base no aumento da produção, dos lucros e dos investimentos, sem um correspondente aumento dos salários e do poder de compra dos consumidores. As teorias monetárias baseiam-se na quantidade de moeda em circulação e nas variações dos níveis das taxas de juros e de investimentos. E as teorias psicológicas argumentam que a atividade econômica é influenciada por ondas de pessimismo e de otimismo. Uma explicação genérica dos ciclos é que, sempre que a demanda total de bens e serviços é menor do que a necessária para manter a produção no seu nível de desenvolvimento, há queda na produção e no emprego. Isso pode ser provocado pela tendência crônica da economia a uma superpoupança (ou subconsumo) ou por uma escassez de investimentos para preencher a insuficiência da demanda. Iniciada uma fase de recessão, a redução tende a ser cumulativa, com queda dos preços, esgotamento dos estoques, adiantamento de investimentos e subconsumo. Mas, em determinado ponto, há necessidade de substituir os estoques e equipamentos desgastados, ainda que apenas para manter os baixos níveis da demanda de bens de consumo. Isso conduz a um aumento do investimento, que, mesmo pequeno, leva a novo crescimento da produção, da renda e do consumo, tornando atrativo novos investimentos e realimentando o ciclo econômico. A expansão pode levar a economia a novo surto de prosperidade, com seus habituais pontos de estrangulamento: preços em alta e problemas de manutenção do equilíbrio no comércio exterior. Nesse ponto, pode haver uma tendência à subpoupança ou ao superinvestimento, e as tentativas de corrigir as tendências inflacionárias podem levar os empresários a rever suas expectativas de lucro, reduzindo os investimentos, com o que se inicia nova fase de contração da atividade econômica. O estudo dos ciclos econômicos está intimamente ligado ao das crises, que podem ser caracterizadas como um momento descontínuo e desastroso de uma evolução cíclica contínua. Embora tenha havido apenas três ciclos seculares, ou de Kondratieff, no período que vai de 1790 a 1950, a teoria dos ciclos longos divide-se em dois grupos. Os adeptos da teoria quantitativa da moeda explicam as ondas seculares de altas dos preços pelo aumento da massa monetária, e, no caso da conversibilidade do ouro, pelo aumento do volume de ouro em circulação. Outros destacam a influência das inovações técnicas que se sucederam no século XIX (vapor, ferrovias, petróleo e eletricidade), como enfatiza Schumpeter: com a instalação das novas formas de energia e de transporte, a demanda ultrapassou a oferta, provocando a alta dos preços. Essa corrente destaca a influência da abertura de novos mercados e a ação da guerra, pois os períodos de alta coincidem com a atividade bélica. A teoria dos ciclos curtos (do economista francês Clément Juglar, o primeiro a assinalar a natureza periódica das crises) divide-se em teorias exógenas e endógenas. As primeiras procuram as causas dos ciclos no meio exterior à economia. Desse modo, o ciclo econômico seria provocado por um ciclo físico (Jevons), psicológico (Pareto), técnico (Schumpeter) ou demográfico (Lösch). As teorias endógenas procuram as causas do ciclo no próprio processo econômico, visando a demonstrar basicamente a formação e a transmissão de um processo cumulativo de alta ou baixa dos preços e as razões da suspensão desse processo. Assim, Wicksell argumentou que isso se deveria à disparidade entre a taxa natural do juro e a taxa do mercado. Já Kaldor e Kalecki destacaram a ideia de expectativa de investimento, construindo um modelo econométrico de ciclo a partir do atraso entre a decisão do investimento e o resultado do investimento realizado. Outros modelos econométricos de ciclos, trabalhando com dados fornecidos ou não pela realidade, foram construídos por Leontief, pela escola sueca (Lundberg), e também por Harrod, Samuelson e Hicks, atualmente os mais conhecidos. A maioria das teorias dos ciclos baseia-se nas variáveis e determinantes do investimento e seus efeitos, vendo na renda nacional o mecanismo do multiplicador. Em combinação com o princípio do multiplicador, usa-se a teoria do acelerador para mostrar o ajustamento do grau de investimento à variação das vendas.