Doutrina da escola clássica desenvolvida em meados do século XIX, segundo a qual o salário médio do trabalhador define-se pela quantidade de capital disponível nas mãos dos empregadores, dividida pelo número de trabalhadores. Dessa forma, os salários não poderiam subir enquanto o capital disponível do empregador não aumentasse, o que, por sua vez, dependeria do aumento da poupança; a redução da poupança seria a única forma plausível de aumentos efetivos de salários. A escola clássica desenvolveu a teoria de fundo de salários a partir da ideia dos fisiocratas de que os salários são pagos aos trabalhadores antes da venda de seu produto. A curto prazo, existe um número determinado de trabalhadores e certa quantidade de poupança para pagar os salários, o que determinaria o salário médio. A longo prazo, o salário relaciona-se com o grau mínimo de subsistência necessário para sustentar a força de trabalho, e está vinculado a padrões de qualidade de vida determinados por lei. Se os salários aumentassem além desses padrões, a população deveria aumentar, e, no caso inverso, diminuir. Ainda a longo prazo, o nível de demanda pela força de trabalho é determinado pelo montante do fundo de salários, que depende, por sua vez, do nível de poupança dos empregadores. Segundo John Stuart Mill, isso significa que “a demanda de bens não é a mesma coisa que a demanda de trabalho”, já que um aumento do consumo reduziria a poupança e, desse modo, o fundo de salários. Por outro lado, a produtividade não influencia os salários reais, que são calculados pela taxa de lucros do empresário, pois a poupança depende dos lucros obtidos. Desse modo, a poupança é obtida em proporções iguais no capital fixo e no capital variável (os salários), fazendo com que a composição orgânica do capital, na denominação de Marx, permaneça constante. Ricardo questionou esse aspecto da teoria do fundo de salários ao realizar uma análise do efeito de máquinas e equipamentos sobre o emprego, desviando o investimento do fundo de salários e reduzindo a demanda pelo fator trabalho. Já W.T. Thornton criticou a doutrina do fundo de salários, argumentando que os salários são determinados pelos fatores de oferta e procura estabelecidos pelo mercado. Stuart Mill aceitou parcialmente o argumento de Thornton, admitindo que a ideia do fundo de salários seria mais apropriada no contexto de um processo de produção descontínuo, como no caso das safras agrícolas, do que num processo contínuo de produção industrial.