Aumento persistente dos preços em geral, de que resulta uma contínua perda do poder aquisitivo da moeda. É um fenômeno monetário, e isso coloca uma questão básica: se é a expansão da oferta de moeda que tem efeito inflacionário ou se ela ocorre como resposta à maior demanda de moeda provocada pela inflação. A inflação, normalmente, pode resultar de fatores estruturais (inflação de custos), monetários (inflação de demanda) ou de uma combinação de fatores. Entretanto, independentemente da causa inicial do processo de elevação dos preços, a inflação adquire autonomia suficiente para se auto-alimentar por meio de reações em cadeia (a elevação de um preço puxando a elevação de vários outros). Desse modo, configura-se a chamada espiral inflacionária. A escola monetarista atribui papel decisivo às expectativas inflacionárias como impulsionadoras das elevações da taxa de juros, das maiores demandas salariais, dos reajustes sistemáticos da taxa cambial e, por extensão, como fator explicativo da autonomia relativa do processo inflacionário. Tudo surgiria espontaneamente em função do comportamento racional dos agentes dentro de mercados competitivos. Os estruturalistas, por sua vez, explicam a inflação pelo fato de as demandas salariais deixarem de ser uma questão exclusivamente econômica; elas adquirem caráter sociopolítico, envolvendo sindicatos, empresas e o governo, o que contribui para generalizar a prática da fixação dos preços em função dos aumentos de custos, em detrimento do rigor impessoal dos mercados competitivos. Dessas duas posições originam-se modelos diferenciados para o processo inflacionário. Segundo os monetaristas, o índice de preços depende do nível de produção física, da velocidade-renda da moeda e do estoque nominal de moeda. Como os dois primeiros mudam de forma estável no mercado livre, os movimentos do índice geral de preços refletiriam unicamente os movimentos do estoque nominal de moeda, determinados pela política econômica. Os planos de gastos do governo, excessivos em relação à capacidade de tributação e endividamento do Tesouro Nacional, devidos a crédito subsidiado ou a uma política econômica incompetente (por exemplo, taxas de juros abaixo do nível de equilíbrio), fariam com que se expandissem os meios de pagamentos para cobrir esses gastos. Como não haveria aumentos equivalentes no produto real ou na velocidade com que a moeda circula, os preços subiriam. O combate à inflação deveria respeitar a espontaneidade do mercado (aumentando o desemprego, se necessário) para procurar reverter as expectativas inflacionárias. Seria necessário emitir títulos, aumentar os impostos e, sobretudo, neutralizar a ação dos mecanismos de reajustes, espontâneos ou não, de preços, salários, câmbio e taxa de juros. Em contrapartida, os não-monetaristas lembram o impacto inflacionário do aumento de salários, do custo de certos insumos (por exemplo, o petróleo, no caso brasileiro), da indexação dos preços de certos produtos ao custo de produção, da estagnação da produtividade de bens de consumo etc. Para combater a inflação, o governo deveria intervir diretamente nos reajustes de preços, salários, câmbio e juros, para eliminar o poder de barganha dos agentes econômico-sociais inflacionantes (por exemplo, as grandes empresas e os sindicatos). Na ausência de um mecanismo de correção monetária, a inflação tende a favorecer os devedores e especuladores, prejudicando os credores, as classes de renda fixa, os pensionistas e os investidores conservadores. Ela redistribui a renda entre setores (por exemplo, agricultura / indústria) e / ou grupos de renda (por exemplo, lucros / salários). Além disso, a inflação tende a mudar os hábitos de consumo e a incentivar a aplicação em bens de valorização garantida, mesmo com o surto inflacionário (joias, imóveis etc.). E pode ainda estimular a queda da poupança, se a remuneração desta não se adaptar aos novos níveis de aumento de preços. Em princípio, o índice ideal para medir a inflação resultaria do deflator implícito do produto nacional gerado em determinado período de tempo, que daria uma medida, a uma certa periodicidade, do crescimento dos preços dos bens de consumo, dos bens de produção e de todos os serviços gerados no intervalo de tempo relevante com o concurso da força de trabalho. Por motivos de ordem prática, outros índices são usados. Para medir a variação dos preços dos produtos finais consumidos pela população, usam-se os Índices de Custo de Vida (ICV) ou de Preços ao Consumidor (IPC), tendo como base os hábitos de consumo de uma família-padrão (para toda a sociedade ou para certa classe). Para medir a variação nos preços dos insumos e fatores de produção (e demais produtos intermediários), usam-se índices de Preços ao Produtor ou, em termos agregados, o Índice de Preços ao Atacado (IPA). No Brasil, a inflação é medida pelo Índice Geral de Preços (IGP), da Fundação Getúlio Vargas, e pelo IPC, elaborado pela Fundação IBGE. Veja também Correção Monetária; Deflação; Deflator; Estagflação; Hiperinflação; IGP; Imposto Inflacionário; IPC; Moeda; Preço; Senhoriagem.
Quais são os principais indicadores de inflação?
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é considerado o índice de inflação oficial do Brasil. Ele avalia a variação de preço de diversos itens, como habitação, serviços de educação, transporte e saúde, produtos de cuidados pessoais e artigos de alimentação e bebida. O índice é um indicativo do custo de vida de famílias que tenham renda mensal entre 1 e 40 salários-mínimos. Existem investimentos que atrelam a rentabilidade a ele, como o título do Tesouro IPCA e alguns Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e as Letras de Crédito Imobiliário ou do Agronegócio (LCIs e LCAs).
Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) tem foco no mercado atacadista. Assim, ele reflete os preços antes de chegar ao varejo. Entre os itens considerados na análise do índice estão produtos agropecuários e industriais.
Índice Nacional de Preços da Construção Civil (INCC) é utilizado para medir as variações no setor imobiliário. O cálculo considera os preços em produtos e serviços de construção civil
Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) monitora as variações nos preços de muitos produtos, desde matérias-primas até itens e serviços finais. O índice é bastante amplo e é calculado a partir de outros indicadores.