Rendimento atribuído especificamente ao capital investido diretamente por uma empresa. Em geral, o lucro consiste na diferença entre a receita e a despesa de uma empresa em determinado período (um ano, um semestre etc.). O lucro bruto é a diferença entre a receita obtida pela venda de mercadorias e o custo de sua produção, incluindo-se nesse custo os gastos com insumos (matérias-primas), energia e outras despesas, mais os impostos e a remuneração da força de trabalho. O lucro líquido é calculado subtraindo-se do lucro bruto a quantia correspondente à depreciação do capital fixo (máquinas e equipamentos) e as despesas financeiras (pagamento de juros de empréstimos). Parte do lucro líquido é paga em dinheiro para retirada dos sócios (em empresas individuais) ou em dividendos (em sociedades anônimas). Outra parte, destinada a ampliar o capital da empresa, é colocada num fundo de reserva. O lucro bruto é considerado excedente econômico, ou seja, um rendimento gerado no interior da empresa, deduzidos todos os custos necessários à produção da mercadoria. A produção de excedente caracteriza vários sistemas econômicos, mas somente no capitalismo ela assume a forma de lucro. As escolas econômicas clássica, neoclássica e marginalista consideram o lucro uma remuneração do capital, justificada de várias maneiras: abstinência do consumo pessoal e poupança do empresariado visando a um futuro rendimento, risco do investimento, engenhosidade do empresário, posse de um fator de produção escasso (o capital). Para o marxismo, o lucro é uma forma de manifestação da mais-valia, resultante da apropriação, pelo empresário, de uma parte do valor criado pelos trabalhadores. O principal objetivo de uma empresa capitalista é produzir lucro para seus proprietários. Todas as decisões importantes — o que, quanto e como produzir — têm como critério básico aumentar o lucro do capital investido. E isso é verificado pela taxa de lucro da empresa: a relação entre o lucro líquido e o capital revela em que medida esse objetivo foi alcançado. Como o lucro resulta da diferença entre a receita das vendas e as despesas da produção, num mercado competitivo uma das formas de elevá-lo consiste em aumentar o volume de vendas e ao mesmo tempo reduzir os custos. Nesse caso, a taxa de lucro mede também o desempenho, ou eficiência, da empresa. No caso de um monopólio ou oligopólio, quando a empresa tem relativa liberdade de fixar o preço de venda dos produtos que fabrica, a margem de lucro é muito maior. Além disso, as empresas monopolistas têm melhores condições de baixar seus custos de produção não apenas porque produzem em grande escala, mas também porque impõem preços baixos aos seus fornecedores de matérias-primas e insumos em geral. Portanto, nem sempre uma alta lucratividade é expressão de grande eficiência. Os rendimentos proporcionados pela produção social dividem- se entre as classes sociais de acordo com a forma como participam do processo econômico. Os trabalhadores participam da renda recebendo salários; os donos de recursos naturais ou imóveis obtêm a renda da terra ou aluguéis; os proprietários do capital financeiro recebem juros; e os donos das empresas industriais, comerciais, de serviços ou de outra natureza, os lucros. Numa economia capitalista moderna, os rendimentos fundamentais são os salários e os lucros, que mantêm entre si uma relação complexa. Da magnitude dos salários depende o poder aquisitivo da maioria da população. Por ter essa importância social, os salários não são determinados apenas por mecanismos de mercado, mas também por regras institucionais (salário mínimo, contratos coletivos de trabalho etc.) que atingem todas as empresas. Quando os salários aumentam, cria-se uma expansão da demanda de bens e serviços, que permite às empresas elevar seus preços e, assim, preservar suas margens de lucro. Nesse caso, são especialmente beneficiadas as empresas que produzem mercadorias de consumo de massa, onde os assalariados concentram seus gastos. Quando há uma queda de salários, os custos das empresas tornam-se menores e aumenta a margem de lucro. No entanto, isso pode ser anulado pela redução do consumo e consequente redução das vendas e da produção das empresas. Mas o aumento do lucro não tem efeito semelhante na economia ao de uma elevação salarial, pois enquanto a maior parte dos salários é empregada em gastos de consumo, grande parcela do lucro é destinada à poupança. Uma parte do lucro líquido é quase sempre retida nas empresas e reinvestida. Além disso, como os que recebem rendimentos provenientes do lucro costumam ter uma renda elevada, sua propensão a poupar é maior. Desse modo, um aumento dos lucros em detrimento dos salários tem um efeito depressivo sobre a demanda geral da economia. Dependendo do grau em que a capacidade de produção das empresas é utilizada, a poupança proveniente do lucro pode transformar-se ou não em investimento de natureza produtiva, gerando novos lucros, empregos e salários. Por isso, a relação entre poupança, consumo e investimento depende em grande parte do modo como o produto social é repartido entre salários e lucros. Veja também Capital; Consumo; Investimento; Juros; Poupança; Renda; Salário.