Teoria demográfica que propõe o controle da natalidade como um dos requisitos fundamentais do desenvolvimento econômico. Retomando a tese de Thomas Malthus de que a população cresceria em progressão geométrica e a quantidade de alimentos em progressão aritmética, seus defensores viram em uma política rigorosa de limitação de natalidade o recurso básico para evitar: 1) o empobrecimento per capita e global da população, uma vez que o número de consumidores aumentaria em proporções sempre superiores ao produto nacional; 2) a relação desfavorável entre a população global (crianças, adultos e idosos) e sua parcela economicamente ativa; 3) a expansão do fator força de trabalho em detrimento da formação de capital, decisiva para o progresso tecnológico; 4) deterioração ecológica, isto é, a destruição do meio ambiente e o esgotamento dos recursos não renováveis do planeta. Como observaram os críticos dessa teoria, algumas teses neomalthusianas simplesmente não tiveram confirmação empírica. Por exemplo, no decorrer dos anos 50, 60 e 70, a renda per capita aumentou na maioria dos países, inclusive nos subdesenvolvidos. Era reafirmada a relação positiva entre o dinamismo da economia e o crescimento populacional, pois dele dependem o tamanho do mercado interno e a viabilidade das modernas técnicas de produção em massa. A maioria das críticas salientou a opção, explícita ou implícita, do neomalthusianismo pelo modelo vigente de relação entre os países ricos e pobres. A ênfase no controle da natalidade, em detrimento das reformas estruturais, viria reforçar a hegemonia das áreas industrializadas sobre as regiões do Terceiro Mundo, produtoras de matérias-primas e possuidoras de mão de obra barata. Mesmo as teses neomalthusianas de maior sofisticação, ligadas à qualidade de vida e à preservação do equilíbrio ecológico, teriam como pressuposto a imutabilidade das atuais características da atividade econômica, em escala mundial. Ao contrário, já haveria recursos científicos e tecnológicos à disposição da humanidade para implementar um modelo alternativo de desenvolvimento, preservador do meio ambiente a partir do controle sobre os métodos de produção, e não apenas a partir do controle do número de seres humanos.Veja também Automação; Gorz, André; Malthus, Thomas Robert.