A origem do paradoxo de Allais está na crítica que este autor desenvolveu ao livro Theory of Games (Teoria dos Jogos), 1947, de Von Neumann e Morgenstern. Em 1936, tentando definir uma estratégia razoável para um jogo repetitivo com uma expectativa matemática positiva, Allais verificou a existência da preferência por segurança na vizinhança da certeza demonstrada por todos aqueles que se submetiam à prova, especialmente quando se colocavam em jogo grandes somas em dinheiro, isto é, somas muito elevadas em relação à renda das pessoas consultadas. Essa constatação levou Allais a formular um teste, em 1952, que se tornou conhecido como paradoxo de Allais. O teste consiste em duas perguntas: 1) Você prefere a situação A ou a situação B? Situação A: certeza de ganhar 100 milhões de francos; Situação B: 10% de probabilidade de ganhar 500 milhões de francos; 89% de probabilidade de ganhar 100 milhões de francos; 1% de probabilidade de não ganhar nada. 2) Você prefere a situação C ou a situação D? Situação C: 11% de probabilidade de ganhar 100 milhões de francos; 89% de probabilidade de não ganhar nada. Situação D: 10% de probabilidade de ganhar 500 milhões de francos; 90% de probabilidade de não ganhar nada. Allais mostra que de acordo com as formulações neobernoullianas (de Von Neumann e Morgenstern), a preferência da situação A sobre a B, isto é, se A>B, significaria a preferência da situação C sobre a D, isto é, que C>D. No entanto, Allais observou que mesmo pessoas muito cuidadosas, acostumadas ao cálculo de probabilidade e consideradas racionais (embora com rendas relativamente pequenas se comparadas com os ganhos do exemplo anterior), preferiam A a B, mas ao mesmo tempo preferiam D a C. Uma vez que os neobernoullianos consideram evidentes os axiomas dos quais eles deduzem formulações (neobernoullianas), reputam esse resultado, isto é, o experimento de Allais, um paradoxo. Veja também Allais, Maurice; Teoria dos Jogos.