Deterioração da qualidade de vida da classe operária, decorrente, segundo Marx, da lei fundamental da sociedade capitalista: a produção de mais-valia. Marx observa que o vendedor da força de trabalho, como o de qualquer outra mercadoria, realiza seu valor de troca e aliena seu valor de uso. No início da jornada de trabalho, o operário produz o valor que vai pagar os meios de vida necessários para conservar a força de trabalho; as horas seguintes são destinadas à produção de mais-valia, isto é, a aumentar o valor das matérias-primas transformadas em mercadorias. Desse aspecto decorreria o interesse dos capitalistas em reduzir os salários ao mínimo necessário à reprodução da força de trabalho, isto é, a garantir, num limite extremo, a sobrevivência do operário. Quanto mais baixo o salário, mais rápida seria a obtenção dos meios de vida para manter a força de trabalho e mais longo o período destinado à produção de mais-valia. E o desenvolvimento tecnológico agravaria a situação, diminuindo o tempo socialmente necessário à reprodução da força de trabalho. A tese de pauperização crescente (pauperização absoluta) foi desenvolvida por Marx e Engels em Manuscritos Econômico-Filosóficos, Manifesto Comunista, Trabalho Assalariado e Capital e Miséria da Filosofia. Foram trabalhos escritos no decorrer da década de 1840, quando eram particularmente terríveis os efeitos da Revolução Industrial sobre as condições de vida dos trabalhadores. Paralelamente, entre outros, desenvolveram o conceito da pauperização relativa, isto é, a relação inversa entre a produção de riqueza e a parcela desta que é reservada à remuneração da força de trabalho. No entanto, na elaboração final de sua tese dos salários, Marx reviu, à luz da realidade criada pelo capitalismo, suas formulações da juventude sobre a lei da pauperização. Foi uma questão analisada com mais rigor nas conferências por ele proferidas em 1865, reunidas no opúsculo Salário, Preço e Lucro. Marx afirmou que a grandeza dos salários dependia de dois elementos: um puramente físico (bens necessários “para alimentar e manter de pé” o trabalhador); outro de ordem histórico-social, diretamente relacionado com as condições de cada país, com seu nível de cultura e suas tradições. E concluiu que, nos períodos de prosperidade do capitalismo, os trabalhadores podem “participar da civilização”, obtendo, a partir de sua unidade sindical e política, melhores salários, redução da jornada de trabalho e outras conquistas. A luta de classes seria, então, o elemento que barraria a tendência à pauperização dos trabalhadores nas condições do capitalismo; essa tendência seria ainda mais evidente nos momentos de crise econômica, quando aumenta o exército industrial de reserva, isto é, a massa dos desempregados. Veja também Mais-valia; Salário.