Elaborado para o período 1964-1966 pelos ministros brasileiros Roberto Campos (Planejamento) e Octávio Gouvêa de Bulhões (Fazenda), tinha o objetivo de interpretar o desenvolvimento recente do país e formular uma política capaz de eliminar as fontes internas de estrangulamento que haviam bloqueado o crescimento econômico desde 1962. Para os articuladores do plano, a causa fundamental da desaceleração econômica estava no processo inflacionário por que passava o país desde o início dos anos 60. A inflação estaria provocando uma instabilidade no sistema, na medida em que se manifestaria uma expectativa de insegurança no meio empresarial, resultando num decréscimo no nível dos investimentos. O diagnóstico oficial identificava duas origens do processo inflacionário: inflação de custos e inflação de demanda. A origem da inflação de custos era localizada no processo de substituição de importações, incentivado por barreiras alfandegárias. Esse protecionismo teria permitido um aumento em espiral nos custos dos diversos setores substitutivos e, consecutivamente, uma elevação geral dos preços. A inflação de demanda teria origem na inadequação da distribuição de renda. Por um lado o governo injetava na economia um volume de recursos maior que seu poder de compra, provocando déficits crônicos no orçamento federal. Ao mesmo tempo, o conjunto dos assalariados detinha em mãos um poder de compra superior à quantidade de bens produzidos. Assim, tanto o déficit público quanto o excesso de demanda dos assalariados gerariam o processo inflacionário. Elaborou-se então o Paeg, com o intuito de detectar medidas estabilizadoras, utilizando os instrumentos clássicos: 1) corte no gasto público; 2) aumento na carga tributária; 3) contenção do crédito; e 4) contenção dos salários. Houve acentuada diminuição no gasto público e ao mesmo tempo elevação na taxa tributária, paralelamente à criação de um mecanismo de financiamento do déficit que passou a ser efetuado mediante haveres não monetários, ou seja, o lançamento de Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTNs), uma inovação brasileira destinada a servir de instrumento à política de transferência de renda do setor privado para o setor público. Para o setor privado, deveria ser mantida a liquidez real do sistema produtivo, que só seria viabilizada se os meios de pagamentos acompanhassem na mesma proporção o crescimento da renda nacional. Entretanto, essa medida não garantiria a distribuição equânime de crédito para os diversos setores produtivos, podendo gerar pontos de estrangulamento. Um ponto básico do plano refere-se à mudança da política salarial. Anteriormente, o reajuste dos salários era efetuado anualmente por meio da aplicação do Índice do Custo de Vida. Com a execução do Paeg, o reajuste passou a ser calculado por meio da média de 24 meses desse mesmo índice, sendo doze anteriores e a inflação esperada nos doze seguintes, acrescida de uma taxa referente à produtividade. Essas medidas estabilizadoras, que não estabeleceram de forma nítida um plano de crescimento econômico, engendrariam: 1) um rápido crescimento da dívida pública; 2) um aumento de liberalização das importações, dando maior flexibilidade à lei de remessa de lucros ao exterior; 3) uma violenta política de arrocho salarial.