Visão normativa marcada pela ideologia das mudanças sociais, com a passagem, obrigatória e irreversível, de formas elementares a formas de organização social cada vez mais complexas. Processo de mudança que seria impulsionado pelo desenvolvimento tecnológico e conduziria, entre outros aspectos, ao crescimento da riqueza socialmente produzida e a sua distribuição mais equitativa entre os indivíduos. A ideia de progresso ampliou-se e assumiu perspectiva histórico-social no século XVIII, com o iluminismo. Os filósofos europeus, em especial os franceses, proclamaram sua fé na perfectibilidade do gênero humano e de suas instituições, que passariam a basear-se no império da razão. E esse “progresso” estava calcado na apreensão do conhecimento possibilitado pela ciência e pela técnica. Essa concepção foi desenvolvida por Condorcet na obra Esboço de um Panorama Histórico dos Progressos do Espírito Humano (1794). A ideia sobreviveu, sob novos aspectos, no pensamento econômico, histórico e sociológico do século XIX, dessa vez tomando como referencial as estruturas geradas pela Revolução Industrial. No positivismo de Comte, o progresso resultaria de um processo contínuo de mudanças, em que não devem ocorrer rupturas nem conflitos. Seria uma mudança social orientada, planejada e obtida por meio da educação generalizada. Na tradição marxista, o progresso corresponde ao grau de domínio do homem sobre a natureza, o que é determinado pelo nível de desenvolvimento das forças produtivas, cujas transformações constantes determinam por sua vez a sucessão dos modos de produção. Nesse sentido, o modo de produção capitalista representou um progresso considerável em relação ao modo de produção feudal, pois revolucionou as forças produtivas, ampliou a divisão social do trabalho, a produtividade, esfacelou os particularismos feudais e libertou o servo da gleba. Mas, para Marx, o progresso humano mais amplo, harmonioso e solidário identifica- se com o fim do capitalismo e o advento da sociedade sem classes. A ideia do progresso assume, portanto, aspectos e posições contraditórios, e os modos e proposições que lhe dizem respeito se colocam no campo do embate ideológico. Mais ainda, diversos cientistas sociais se insurgem contra a própria noção de progresso, considerada etnocentrista e preconceituosa. É o caso do antropólogo Claude Lévi-Strauss, que sustenta a tese de que todas as sociedades são potencialmente iguais, negando-se a estabelecer comparações valorativas entre uma tribo e uma sociedade industrializada. Veja também Estado Estacionário Forças Produtivas; Revolução Tecnológica; Tecnologia.