Poder ou governo dos tecnocratas — os especialistas que nos setores privado e público controlam os mecanismos de direção, coordenação, previsão e reavaliação de decisões. Haveria um governo tecnocrático quando todas as decisões estivessem a cargo de especialistas e, a partir disso, a sociedade não estivesse mais sendo governada segundo os interesses ou as visões de grupos políticos, mas segundo critérios presumidamente objetivos e racionais. Já no século XIX, com a intensificação do desenvolvimento tecnológico e a complexidade dos processos produtivo e administrativo, manifestava-se a tendência de ascensão do papel da função técnica na sociedade. A postura técnica já se apresentava como algo cético, prático e impessoal. Para estudiosos da economia como J.K. Galbraith e André Gorz, a extrema valorização e o poder da tecnocracia na atualidade decorrem da intensificação da divisão social do trabalho e do processo de concentração do capital, dando origem às gigantescas empresas multinacionais e monopolistas. Nessas condições, impõe-se a necessidade de planejamento, controle e funcionários altamente especializados nos cargos de direção (enquanto nas condições do capitalismo liberal ou concorrencial, ou na pequena empresa, essas funções são tradicionalmente exercidas pelos empresários ou por membros de sua família). A mesma exigência colocou-se no âmbito do Estado, quando ele passou a aumentar sua participação e seu dirigismo no campo das atividades produtivas. A eficiência e o bom funcionamento são básicos na existência desses organismos econômicos. Daí a valorização das funções técnicas de sua competência. Segundo alguns estudiosos do assunto, a visão que o tecnocrata tem da sociedade é a mesma que ele tem da empresa. Com isso, desconhece os grupos de pressão e os antagonismos sociais. Seu objetivo são a produtividade e a eficiência. Para André Gorz, a despolitização é a ideologia do tecnocrata: ele se comporta como se estivesse acima das classes sociais, tem um desempenho essencialmente antidemocrático e existe tanto nas atuais sociedades capitalistas como nas socialistas. Para Gorz, só a autogestão pode anular o poder da tecnocracia, na medida em que as decisões e a administração da produção se tornem funções do conjunto dos agentes sociais e econômicos. Há ainda os críticos que negam o poder e a interdependência da tecnocracia, sua autonomia em se pautar por interesses próprios, sem levar em conta a relação das classes sociais. Assim, no contexto dos negócios administrativos da empresa privada e do Estado, seu desempenho seria uma função que refletiria no global os interesses do conjunto ou de setores das classes dominantes, que procuram atingir seus objetivos mais gerais por meio de mecanismos políticos. Veja também Autogestão; Burocracia; Gerencialismo; Tecnoestrutura.