Zangão era a denominação (jargão) dada às pessoas que operavam nas Bolsas de Valores como corretores, mas que não eram habilitadas ou credenciadas para isso.
Termo correspondente em inglês – drone ou dog-bee
Veja também – Bolsa de valores, corretora e corretores de títulos.
Afinal, o que significa um Zangão?
Se você pensou que os zangões só poderiam ser encontrados no reino animal, enganou-se. No mercado financeiro, há também que viva à custa alheia.
O termo ganhou tom pejorativo graças a ação de pessoas que agiam com má-fé e adoram investidores desatentos.
Sempre em bandos, assim como as abelhas, essas pessoas nunca agiam sozinhas. Antes, formavam uma quadrilha, que podia estar dentro do cartório, na instituição que presta serviço de custódia ou na própria empresa da qual você detém ações.
Elas são especialistas em roubar ações de investidores e, seu ataque, pode ocorrer tanto pela frente quanto pelas costas.
Mas nem sempre foi assim!
No Brasil, as Bolsas de Valores teve seu início no ano de 1843, na cidade do Rio de Janeiro. O pregão (compra e venda) era realizado ao ar livre, geralmente em praças em meio a transeuntes, compradores e vendedores.
Ainda no século XIX, os corretores oficiais da Bolsa do Rio buscaram evitar o acesso de “intermediários” livres ao pregão. Assim diz o trecho da matéria publicada pelo periódico “Capital Aberto”:
[…] Em março de 1876, os 25 corretores oficiais do Rio de Janeiro lograram obter do governo imperial uma providência que lhes ampliava os privilégios. Foi o decreto 6.132, cujo artigo 1º rezava:
“Nos edifícios destinados para praças do comércio haverá um lugar especial, separado e elevado, onde, à vista do publico, se reunirão os corretores de fundos quando tiverem de propor e efetuar transações sobre: […]”.
O local especial, separado e elevado era a rotunda – elemento arquitetônico redondo, onde seriam realizados os pregões, cujo acesso passava a ser exclusivo dos corretores oficiais, apartando-os dos demais usuários da praça do comércio, antigo nome dado a Bolsa de Valores.
O objetivo da medida era combater a livre circulação de intermediários, em muito maior número, durante os pregões.
Assim surgia o termo Zangão, por dois motivos – primeiro pelo distanciamento deles com os corretores e as operações comerciais existente à época; e segundo pela animosidade que havia entre os corretores e os zangões.
Na gíria financeira do século 19, o termo “zangão” continha diversos significados. Era, ao mesmo tempo, aquele que circula em volta do mercado, o intermediário que opera em pequenas quantidades de ações, o que conduz negócios a corretores, o que divide comissões, o que é capaz de trapacear, etc. Não é termo totalmente pejorativo, mas não possui conotações de alta dignidade.
O combate aos zangões pelos corretores oficiais prejudicou de modo significativo a liberdade de negociar, a ampliação e a capilaridade do mercado de capitais.
Agindo pelas costas
São muitos os casos de pessoas que se passaram por profissionais do mercado ou de empresas que dizem ser corretoras legalizadas, durante os anos de 1990.
O pior é que nem sempre o “zangão” chega a manter contato com sua vítima.
De posse do nome da pessoa e sabendo quantas ações ela tem, o “zangão” conseguia, com uma assinatura falsa, uma procuração registrada em cartório. A procuração, que dá plenos poderes ao falsário para vender as ações, pode passar facilmente pela instituição que presta serviço de custódia, se essa não tiver algum mecanismo de segurança.
O investidor pode ficar meses ou até anos sem perceber que teve suas ações roubadas. É o caso dos “zangões” que agem pelas costas.
A sequência de Fibonacci e os zangões
Devido ao fato do zangão não possuir pai, apenas mãe, sua árvore genealógica é bastante interessante.
Na primeira geração há um membro (o zangão).
Uma geração antes há um membro (a mãe). Duas gerações atrás há dois membros (a mãe e o pai da mãe).
Três gerações atrás há três membros (a mãe do avô e o pai e a mãe da avó). Quatro gerações atrás há cinco membros, cinco gerações atrás há oito membros.
Isto é, o numero de membros em cada geração, contando para trás é 1,1,2,3,5,8,13… – A Sequência de Fibonacci.
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Fontes de pesquisa e de referência
- CARVALHO, Ney. Zangões fora da colmeia. Capital Aberto, São Paulo, 1 mar. 2014. Disponível em: <https://capitalaberto.com.br/temas/captacao-de-recursos/zangoes-fora-da-colmeia/>. Acesso em: 11 set. 2018.
Como citar esse artigo em seus trabalhos
Zangão. In: Dificio – seu dicionário on-line de termos de finanças, investimentos e contabilidade, 2021. Disponível em: <https://www.dificio.com.br/zangao>. Acesso em: dia, mês e ano.