Legislação inglesa que restringia a importação de cereais. Essas leis existiam desde a Idade Média, mas se tornaram uma questão central na primeira metade do século XIX, gerando acirrada polêmica entre donos de terras e industriais. O isolamento imposto à Inglaterra durante as guerras napoleônicas contribuiu para a elevação dos preços dos cereais, particularmente o trigo, beneficiando os donos de terras, que tinham a maioria no Parlamento e queriam manter as restrições às compras de trigo russo, norte-americano e francês. Como o preço dos cereais ingleses era muito alto, isso resultava numa pressão constante sobre os salários, pois os trabalhadores tinham nos cereais seu gasto principal. Os industriais, sobretudo de Manchester (centro da produção de tecidos), insurgiram-se contra a manutenção das restrições impostas pelas Corn Laws, pois de um lado queriam baratear o preço de mão de obra (via importação de trigo mais barato) e, de outro, queriam intensificar a exportação de produtos industriais para a Rússia, os Estados Unidos, a França e outros países, que só podiam pagar esses produtos com gêneros alimentícios. Era a política do livre-cambismo. A discussão pôs em confronto não só industriais e latifundiários, mas também os economistas clássicos: Malthus colocou-se ao lado dos proprietários rurais, e Ricardo (que era também deputado) tomou o partido dos industriais. No seu trabalho teórico, Ricardo procurou ainda ligar o preço dos cereais aos problemas de repartição da renda, crescimento da população, aumento da renda diferencial, salários e desenvolvimento do comércio internacional. A polêmica sobre as Corn Laws acentuou-se entre 1838 e 1846, com a mobilização promovida pela Liga contra as Corn Laws (criada pelos industriais) e que recebeu a adesão de trabalhadores. Essa questão, em particular, foi tratada por Marx em seu Discurso sobre o Livre-Cambismo.