Empresário brasileiro, pioneiro da industrialização. Depois de fazer fortuna com o comércio de couro, dedicou-se à atividade açucareira, com a Usina Beltrão, em Pernambuco. Construiu em Recife o Mercado Modelo Derby (1899) — que contava com hotel, teatro e parque de diversões —, onde o preço das mercadorias estava abaixo da concorrência. Em consequência de rixas com outros coronéis que dominavam a política em Pernambuco, o mercado foi incendiado pela polícia em 1900. Transferindo-se então para Pedra, lugarejo perdido no sertão alagoano, às margens do São Francisco, Delmiro Gouveia voltou ao comércio de couro e à agropecuária, divulgando na região o uso da palma como forragem para o gado. Ao mesmo tempo, tentou inutilmente influenciar o governo do Estado de Alagoas para o aproveitamento hidrelétrico do São Francisco. Decidiu levar adiante o empreendimento por conta própria: importou técnicos e equipamentos da Europa e inaugurou, em 1913, a primeira usina hidrelétrica de Paulo Afonso. Em Pedra, Gouveia tornou-se um pioneiro da industrialização do Nordeste com a instalação da fábrica de fios e linhas Estrela (primeira, no gênero, da América Latina). Além de abastecer o mercado regional, a empresa exportava para o Chile e o Peru. Ao lado da fábrica, o industrial construiu centenas de casas para os operários, escolas e chafarizes, e instalou luz elétrica. Desenvolveu um plano de previdência social implantando serviço médico, caixa de previdência, descanso dominical e uma jornada diária de apenas oito horas. O sucesso da empresa chamou a atenção da firma inglesa Machine Cotton, que tentou por todos os meios comprar a fábrica. Por motivos políticos e questões de terras, Delmiro Gouveia entrou em conflito com vários coronéis da região, o que ocasionou seu misterioso assassinato a bala. Seus herdeiros, não podendo resistir às pressões da Machine Cotton, venderam a fábrica à empresa estrangeira (produtora das linhas Corrente), que a mandou demolir e lançar os escombros no rio São Francisco.