Economista e clérigo inglês, um dos principais nomes da escola clássica. Filho de um culto proprietário de terras, amigo de Hume e Rousseau, formou-se em Cambridge e tornou- se pastor anglicano em 1797. No ano seguinte era publicada sua mais célebre obra, An Essay on the Principle of Population (Ensaio sobre o Princípio da População), na qual conclui que a produção de alimentos cresce em progressão aritmética, enquanto a população tenderia a aumentar em progressão geométrica, o que acarretaria pobreza e fome generalizadas. Para Malthus, quando a desproporção chega a extremos, as pestes, epidemias e mesmo as guerras encarregam-se de reequilibrar (temporariamente) a situação. A única forma de evitar essas catástrofes seria negar toda e qualquer assistência às populações pobres e aconselhar-lhes a abstinência sexual, com o fim de diminuir a natalidade. Os assalariados deveriam ter consciência de que, “com o número de trabalhadores crescendo acima da proporção do aumento da oferta de trabalho no mercado, o preço do trabalho tende a cair, ao mesmo tempo que o preço dos alimentos tenderá a elevar-se”. A tese de Malthus foi contestada, entre outros, por Fourier e Marx, por ignorar a estrutura social da economia e as possibilidades criadas pela tecnologia agrícola. Entretanto, “reciclada” para o terreno da evolução e das populações de insetos e outras espécies animais, ela forneceu a chave decisiva para a teoria da seleção natural de Darwin e Wallace. David Ricardo e outros economistas clássicos incorporaram o “princípio da população” às suas teorias, supondo que a oferta da força de trabalho era inexaurível, sendo limitada apenas pelo “fundo de salários”. Paralelamente, Malthus aplicava suas próprias teorias ao estudo da renda no livro An Inquiry into the Nature and Progress of Rent (Investigação sobre a Natureza e o Progresso da Renda), 1815. Sua concepção da renda diferencial da terra é semelhante à de Ricardo, mediante a aplicação da Lei dos Rendimentos Decrescentes, que admitia que o proprietário rural ocupava áreas menos férteis à medida que a população aumentava. Nos escritos subsequentes, as concepções do Ensaio sobre o Princípio da População foram o ponto de partida para análises mais abrangentes de questões econômicas e sociais, tratadas em livros, panfletos e artigos. Surgiram assim The Poor Law (A Lei dos Pobres), 1817; Principles of Political Economy Considered with a View to their Pratical Application (Princípios de Economia Política Considerados com Vista a sua Aplicação Prática), 1820; e Definitions of Political Economy (Definições de Economia Política), 1827. Uma das polêmicas mais célebres do período foi travada entre Ricardo e Malthus a respeito da chamada Lei de Say, segundo a qual a produção cria seu próprio consumo. Malthus argumentou que um aumento da poupança (vista como investimento) diminuiria o consumo e aumentaria a oferta de bens por meio do aumento do investimento. E tentou demonstrar que o nível de atividade numa economia de mercado depende da demanda efetiva, uma ideia que mais tarde seria retomada por J.M. Keynes. Veja também Demanda Efetiva; Keynes, John Maynard; Marx, Karl; Ricardo, David.