Acumulação primitiva de capital – também conhecida como acumulação originária, foi o processo de acumulação de riquezas ocorrido na Europa entre os séculos XVI e XVIII, que possibilitou as grandes transformações econômicas da Revolução Industrial.
Termo correspondente em inglês – primitive accumulation of capital.
Veja também – acumulação capitalista, acumulação de capital, acumulação socialista primitiva, formação de capital, proletariado e Karl Marx.
Afinal, o que é Acumulação Primitiva de Capital?
Conceito estudado e descrito por Karl Marx, no capítulo 24 (o penúltimo) do Livro 1 de O Capital, que tomou a Inglaterra como modelo de sua teoria.
Segundo Marx, a origem do modo de produção capitalista não está ligada a uma pura e simples racionalização da divisão do trabalho social, mas sim a um processo violento de expropriação da produção familiar, artesanal, camponesa, corporativa, etc., que separou o produtor direto dos seus meios de produção e formou enormes massas de indigentes e desocupados, na verdade uma volumosa reserva de força de trabalho livre e disponível para ser comprada, o proletariado; por outro lado, a exploração das colônias ultramarinas através de saques, especulação comercial, tráfico de escravos e monopólios mercantis propiciaram enormes oportunidades de enriquecimento para uma parcela da burguesia. Sendo assim, estes fenômenos históricos geraram as duas classes antagonistas da sociedade industrial capitalista, a burguesia e o proletariado.
A acumulação primitiva de capital é um termo usado para descrever o processo pelo qual o capitalismo se estabeleceu no mundo. É um processo que tem raízes históricas profundas e que moldou a economia global de várias maneiras.
A acumulação primitiva (“ursprüngliche Akkumulation”) de capital é o processo que marcou os primórdios do capitalismo, envolvendo fraudes, roubos e todo tipo de violência. Trata-se de uma “acumulação por espoliação”, em que se aliam o poder do dinheiro e o poder do Estado, seja diretamente, por conivência ou por omissão. (Bercovici, 2016)
A acumulação primitiva de capital, para Marx, se desenvolveu a partir de dois pressupostos:
1) a concentração de grande massa de recursos (dinheiro, ouro, prata, terras, meios de produção) nas mãos de um pequeno número de proprietários;
2) a formação de um grande contingente de indivíduos desprovidos de bens e obrigados a vender sua força de trabalho aos senhores de terra e donos de manufaturas.
Historicamente, isso foi possível graças às riquezas acumuladas pelos negociantes europeus com o tráfico de escravos africanos, ao saque colonial (metais preciosos), à apropriação privada das terras comunais dos camponeses, ao protecionismo às manufaturas nacionais e ao confisco e venda, a baixo preço, das terras da Igreja por governos revolucionários.
Com o advento da Revolução Industrial, conclui Marx, a acumulação primitiva foi substituída pela acumulação capitalista.
Como funciona a acumulação primitiva de capital?
A acumulação primitiva de capital funciona de várias maneiras.
Uma delas é a expropriação de terras, que era feita através de meios violentos, como invasões e guerras. Com a expropriação das terras, os proprietários eram forçados a vender suas terras a preços baixos, o que permitia que os investidores pudessem comprá-las e transformá-las em propriedades privadas.
Outra forma de acumulação primitiva de capital é a escravidão.
A escravidão foi uma das principais formas de produção de riqueza durante o período de acumulação primitiva de capital. Os escravos eram usados como mão de obra barata, o que permitia que os proprietários de terras e os investidores aumentassem seus lucros.
Quais são os impactos da acumulação primitiva de capital na economia atual?
A acumulação primitiva de capital teve um impacto significativo na economia atual. Uma das principais consequências da acumulação primitiva de capital foi a concentração de riqueza nas mãos de poucas pessoas. Isso contribuiu para a criação de desigualdades econômicas que persistem até hoje.
Foi nesse período que muitas das instituições e estruturas que conhecemos hoje foram estabelecidas, como o sistema bancário e a propriedade privada.
Além disso, a acumulação primitiva de capital contribuiu para o desenvolvimento de uma economia globalizada, na qual os investidores buscam maximizar seus lucros a qualquer custo. Isso pode levar a práticas econômicas questionáveis, como a exploração de mão de obra barata e a destruição do meio ambiente.
Perguntas frequentes
A acumulação primitiva de capital ainda está em andamento?
Não, a acumulação primitiva de capital é um processo histórico que ocorreu no passado. Refere-se ao período histórico em que o capitalismo se desenvolveu e se expandiu, e que se caracterizou pela aquisição de riqueza e propriedade através de meios violentos, como guerras, invasões e expropriação de terras.
Qual é a relação entre a acumulação primitiva de capital e o colonialismo?
O colonialismo foi uma das principais formas pela qual a acumulação primitiva de capital foi realizada. Durante a era colonial, as potências europeias invadiram e dominaram territórios em todo o mundo, expropriando suas riquezas naturais e humanas. Isso permitiu que os países europeus enriquecessem às custas dos povos colonizados e consolidassem seu poder econômico.
Como a acumulação primitiva de capital afetou a agricultura?
A acumulação primitiva de capital teve um grande impacto na agricultura, especialmente na transição de uma economia agrícola para uma economia industrial. A expropriação de terras levou à concentração de terras nas mãos de poucos proprietários, que utilizaram técnicas mais eficientes de produção para maximizar seus lucros. Isso acabou expulsando pequenos agricultores de suas terras e contribuindo para a urbanização.
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Fontes de pesquisa e de referência
Para produzir esse conteúdo tivemos a ajuda dos seguintes autor(es) e publicações:
- BERCOVICI, Gilberto. O Brasil continua com a política da acumulação primitiva de capital. Revista Consultor Jurídico. Disponível em: <
https://www.conjur.com.br/2016-jul-10/estado-economiabrasil-continua-politica-acumulacao-primitiva-capitais>. Acesso em 10 jul. 2023. - MARX, Karl. Das Kapital: Kritik der politischen Ökonomie, 38ª ed, Berlin, Dietz Verlag, 2007, vol. 1 (Der Produktionsprozeb des Kapitals), capítulo 24, pp. 741-791.
- MANKIW, N. G. Introdução à Economia. São Paulo : Cengage Learning, 2013.
Como citar esse artigo em seus trabalhos
Acumulação Primitiva de Capital. In: Dificio – seu dicionário on-line de finanças, investimentos e contabilidade, 2023. Disponível em: <https://www.dificio.com.br/acumulacao-primitiva-de-capital>. Acesso em: dia, mês e ano.