Conjunto dos pensamentos econômicos desenvolvidos em duas fases distintas por um grupo de economistas ligados à Universidade de Cambridge, na Inglaterra. O primeiro e maior nome do grupo foi Alfred Marshall, teórico do marginalismo e titular da cadeira de economia política de Cambridge até 1908. Marshall foi sucedido por seu discípulo Arthur C. Pigou, teórico da política do bem- estar social e que lecionou em Cambridge até 1944. Em todo esse período, o pensamento econômico de Cambridge foi caracterizado pelo refinamento da teoria marginalista e da teoria econômica clássica, com ênfase nas teorias do valor, da distribuição e do equilíbrio, assim como nas análises microeconômicas. Depois da Segunda Guerra Mundial, entretanto, os economistas de Cambridge refutaram os preceitos básicos da teoria marginalista, ou o que se tornou conhecido como teoria econômica neoclássica, desenvolvendo ideias baseadas no trabalho de John Maynard Keynes e abrindo um grande debate com o pensamento ortodoxo. As principais figuras nesse debate do pós-guerra foram Joan Robinson e Nicholas Kaldor. Nesse período, também passaram por Cambridge e exerceram considerável influência pelo rigor dos trabalhos o italiano Piero Sraffa e o polonês Michal Kalecki. Em sua nova postura, a escola de Cambridge passou a enfatizar a análise macroeconômica, em contraste com as análises microeconômicas baseadas na utilidade marginal. E refutou diretamente alguns dogmas da teoria marginalista, como o de que haveria uma relação funcional direta entre a taxa de lucro e a aplicação intensiva de capital. Os economistas de Cambridge demonstraram a possibilidade da reciclagem do capital e criticaram os marginalistas por tirarem conclusões sobre os grandes agregados econômicos a partir de microanálises, argumentando que a função dos agregados de produção não é compatível na prática com as microfunções econômicas. Criticaram também a teoria neoclássica da distribuição, que relaciona o fator preço com a produtividade marginal. E passaram a desenvolver uma teoria do crescimento econômico fundamentada em Keynes, tendo como objetivo o pleno emprego, por meio do qual se poderia determinar uma redistribuição de lucros e salários. De modo geral, essa abordagem tenta equacionar o subemprego de recursos econômicos, privilegiando o investimento como o motor da economia, em contraste com a teoria neoclássica, que, detendo-se no equilíbrio do pleno emprego, destaca a poupança, em vez do investimento, como fator de crescimento. Veja também Keynesianismo; Marginalismo.