Índice de Basileia é uma ferramenta usada para medir o risco de um banco quebrar ao longo do tempo, permitindo que o investidor tenha uma visão mais clara dos riscos que estará correndo ao colocar seu dinheiro em uma determinada instituição.
Ele representa a porcentagem de dinheiro aplicado no banco que deve ser retido no mesmo, não podendo ser emprestado. No Brasil, exige-se das instituições financeiras um índice mínimo de 11%. Quanto maior for o índice, menores as chances de a mesma quebrar.
Quer entender como ele pode impactar nas suas escolhas ao investir? Basta conferir este post até o final para aprender tudo o que precisa sobre o Índice de Basileia!
O que é o índice de Basileia?
Em síntese, o índice de Basileia determina a relação entre o capital próprio da instituição e o capital de terceiros (captações) que será exposto a risco por meio de carteira de crédito.
Um dos maiores desafios de investidores é equilibrar os riscos e as rentabilidades da sua carteira. Afinal, cada investimento apresenta características particulares que precisam ser analisadas para que você esteja preparado em relação ao que esperar deles.
Quem já investe seu dinheiro pode conhecer alguns indicadores utilizados na hora de tomar uma decisão. É o caso do rating de classificação de bancos ou dos indicadores fundamentalistas de ações. Existem sempre recursos que podem ser utilizados para ajudar nas suas escolhas.
Quem analisa fundamentos de ações da bolsa, por exemplo, costuma avaliar o endividamento das empresas (entre outros fatores) para observar se é seguro investir nelas. No caso de companhias, é mais fácil saber se as dívidas estão sustentáveis ou não.
Felizmente, existem diversos indicadores que podem ajudá-lo a saber se determinada instituição é sólida e lhe apresenta a segurança mínima que você deseja ao investir. Um deles é o índice de Basileia — que se aplica especificamente aos bancos, corretoras e financeiras.
Para quem investe em aplicações de renda fixa emitidas por instituições financeiras (por meio de CDBs, LCIs, LCAs etc) pode não contar com a mesma facilidade. Afinal, instituições bancárias são mais alavancadas — portanto, mais endividadas — do que outras empresas.
Aí está uma das maiores vantagens do índice de Basileia: ele mostra o grau de endividamento do banco e lhe ajuda a analisá-lo a partir de uma referência média. Assim, instituições que tenham um percentual próximo do considerado sustentável apresentam maior segurança.
Além de servir para orientar investidores, o índice de Basileia também é uma métrica relevante para a economia do país e para a saúde do sistema financeiro no geral. Isso porque o Banco Central (BC) exige um percentual mínimo para que os bancos, corretoras e financeiras continuem em atividade.
Como ele funciona?
O índice de Basileia é um indicador internacional. Ele foi criado no ano de 1988 na Suíça — recebendo o nome da cidade onde teve origem. Na época, houve a assinatura de um acordo entre vários países do mundo.
O acordo contou com a iniciativa do Bank for International Settlements (Banco Internacional de Compensações). Ele é uma instituição que tem o objetivo de promover a cooperação entre bancos centrais de diversas nações, de modo a proporcionar estabilidade para o sistema financeiro global.
Em 1988 foi realizado o primeiro acordo, mas em 2004 houve o Basileia II, que trouxe algumas modificações para deixar a análise de riscos mais precisa. Posteriormente, em 2010, desenvolveu-se o Basileia III — especialmente motivado pela crise econômica de 2008.
O intuito, então, foi de regular ainda mais a alavancagem das instituições para não expor o sistema financeiro a riscos tão altos. O funcionamento do índice parte, basicamente, da relação entre um patrimônio de referência e a alavancagem das instituições bancárias.
Ou seja, há exigências de que os bancos, corretoras e financeiras tenham um percentual mínimo de dinheiro próprio envolvido nas suas atividades. Dessa forma, ele tem uma estrutura mais sustentável e corre menos perigo de solvência.
O percentual mínimo exigido para o índice de Basileia depende das decisões de cada país. Assim, os valores praticados no Brasil podem ser diferentes do documento internacional — aqui, os percentuais costumam ser mais altos.
Como o Índice de Basileia é calculado?
O cálculo do índice não é um aspecto que precise levar preocupação ao investidor. O Banco Central do Brasil é a instituição responsável por realizar todos os cálculos, de acordo com os documentos e informações que têm acesso de todas as instituições do país.
Ainda assim, é interessante que você saiba como se chega ao resultado e quais são os elementos considerados. A fórmula matemática utilizada para calcular o índice é a seguinte:
Índice de Basileia = PR / RWA
Onde, PR se refere ao patrimônio de referência e RWA aos ativos ponderados pelo risco. O patrimônio de referência, por sua vez, é formado pelo capital principal da instituição e pelo capital complementar.
Quanto maior o índice de Basileia, mais sólida é a instituição. Ou seja, há menores riscos de ela enfrentar problemas e vir à falência. Ao mesmo tempo, índices muito altos também não são sustentáveis, já que o trabalho rotineiro do banco, corretora ou financeira deve envolver alavancagem e endividamento.
Qual a importância dele para o investidor?
O índice de Basileia é de grande relevância para a estabilidade do sistema financeiro nacional, mas e para os investidores? Qual é a importância dele? Ele se faz presente, principalmente, para quem investe em ativos da renda fixa.
Para entender o contexto é importante saber mais sobre o funcionamento de uma instituição financeira. A atividade principal das instituições bancárias envolve atrair recursos de investidores e disponibilizá-los para clientes.
Ou seja, o banco recebe dinheiro na forma de depósitos, poupança e de investimentos e oferta dinheiro na forma de empréstimos, financiamentos, cartões de crédito etc. Boa parte do lucro dele vem da diferença entre os juros pagos e os recebidos.
Basicamente, ele paga juros mais baixos para investidores e cobra taxas mais altas para os clientes. Com isso, o negócio é lucrativo. Mas sempre existem riscos envolvidos. Por exemplo, o de inadimplência.
Outro risco inerente ao modelo de negócios bancário é o de sustentabilidade do fluxo de caixa. O banco precisa organizar os prazos de resgates e pagamentos para que nem investidor nem cliente fiquem sem dinheiro.
Em contextos de alta inadimplência ou de problemas no fluxo de caixa, o banco corre perigo de enfrentar dificuldades e até mesmo falência. Para corretoras e financeiras, o risco é semelhante – especialmente em relação à sustentabilidade.
Por isso, o índice de Basileia é tão importante. Ele mostra o percentual de capital próprio, mais seguro, que a instituição possui. Quanto maior o índice, mais segura tende a ser a instituição – inclusive para fazer investimentos.
Por que e como consultar o Índice de Basileia?
Como você viu, quanto maior o índice de Basileia, mais condições a instituição financeira apresenta em relação à solidez e à sustentabilidade do negócio. Por isso, investidores podem considerar o indicador na hora de avaliar onde e como investir.
Lembre-se sempre de que instituições com índice de Basileia menor apresentarão maiores riscos, enquanto outros com um percentual maior são mais estáveis. Assim, o investidor pode escolher investir seu dinheiro apenas em instituições mais seguras.
De outro lado, investidores que estejam mais abertos a correr risco em busca de rentabilidades atrativas podem considerar o índice de Basileia para avaliar se a instituição está remunerando o risco. Isto é, se a taxa de juros oferecida por ele compensa a estabilidade menor.
Consultar o índice de Basileia é muito simples. Basta entrar no site do Banco Central ou na página do Bancodata. Os dados também constam nos relatórios de estabilidade financeira divulgados pelo Bacen a cada semestre.
Agora, você já sabe o que é o índice de Basileia e viu como calcular e interpretar seus resultados. Então não deixe de considerá-lo ao planejar seus investimentos – especialmente em renda fixa. Utilize o indicador para manejar os riscos e a rentabilidade da sua carteira e faça escolhas de investimento mais sólidas!
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Como usar o Índice de Basileia a seu favor
Para ser considerado saudável, um banco precisa apresentar um Índice de Basileia em pelo menos 11%. Abaixo disso, pode-se dizer que é uma situação mais arriscada, mas também não quer dizer que o banco quebrará de imediato.
No entanto, ter um Índice de Basileia muito alto não é tão saudável, quanto se imagina. O ideal é um valor entre 11% e 16%. Essa medida mostra um bom gerenciamento de recursos, sem endividamento acima do limite e sem dinheiro em excesso no caixa.
Agora que você já sabe como funciona a sistemática do Índice de Basileia, chegou a hora de usá-lo a seu favor na hora de escolher um investimento.
Vamos ver um exemplo:
Opção a – o banco Alpha tem Basileia de 9,5% e oferece um CDB de 104% do CDI;
Opção b – o banco Beta tem Basileia de 11% e oferece um CDB de 101% do CDI.
Dependendo do perfil do investidor, ele pode ou não aceitar um risco maior para ter um retorno melhor, ou preferir a segurança, ainda que a rentabilidade seja menor.
Agora, se o banco Alfa e o banco Beta oferecessem o mesmo produto com a mesma rentabilidade, o melhor seria escolher o banco com o maior Índice de Basileia, que seria o investimento mais seguro de acordo com esse parâmetro.
Fontes de pesquisa e de referência
- https://www.suno.com.br/artigos/acordo-de-basileia
- https://blog.magnetis.com.br/indice-de-basileia/
- https://zahl.com.br/indice-de-basileia-o-que-e-como-consultar
Como citar esse artigo em seus trabalhos
Índice de Basileia – o que é e como consultá-lo. Dificio, 28 maio. 2021. Blog. Disponível em: https://www.dificio.com.br/indice-de-basileia. Acesso em: dia, mês e ano.