Termo pelo qual ficaram conhecidos os benefícios formalmente oferecidos pelo governo e empresas estatais a seus funcionários mais graduados. Originaram-se da “dobradinha”, o salário em dobro pago aos funcionários públicos que se mudassem para Brasília, capital do país a partir de 1961. Inicialmente extraoficiais, as mordomias foram formalizadas pela circular reservada de nº 21, baixada pelo Dasp em 20/7/1976. De acordo com essa circular, todos os ministros de Estado têm direito a uma casa à beira do Lago Sul, em Brasília, completamente mobiliada e com os mais modernos eletrodomésticos. Também são pagos pelos cofres públicos suas contas de telefone, luz, gás e lavanderia. No item transporte, os ministros dispõem de dois carros — um oficial e um com placa normal —, sem limite de combustível (álcool). Os funcionários que ocupam os cargos de diretor-geral do Dasp, procurador-geral da República e consultor-geral da República recebem benefícios semelhantes, com a diferença de que suas despesas de água, luz, gás e telefone só podem chegar até o limite de dez salários-referência. Os mesmos privilégios se aplicam aos funcionários que ocupam cargos classificados como DAS 6 e DAS 5, que têm seus gastos de luz, água, gás e telefone limitados a seis salários-referência. Para os carros a álcool do diretor-geral do Dasp, do consultor-geral e do procurador-geral não há limite de utilização de combustível, e os funcionários do DAS 6 e DAS 5 são limitados a usar gratuitamente 300 l de combustível por mês. A situação dos militares a serviço do governo federal não é regulamentada pelo Dasp. Entretanto, os ministros militares gozam dos mesmos direitos dos ministros civis, enquanto os generais dispõem dos mesmos benefícios conferidos aos cargos DAS 6 e DAS 5. Os ministros dos tribunais federais têm direito a um apartamento mobiliado e um carro com placa especial, e suas contas de luz, água, gás e telefone são pagas pelo governo até o máximo de dez salários-referência. Os senadores, por sua vez, pagam uma taxa pelo apartamento mobiliado de quatro quartos que ocupam e podem dispor de um carro de luxo com motorista e mais 30 l de combustível por dia. Na área do legislativo estadual, talvez as maiores mordomias sejam oferecidas em São Paulo, onde os secretários de Estado e do município, os deputados e os vereadores dispõem de carro oficial e combustível gratuito.