Situação em que, partindo-se de determinado conjunto de ações, vários resultados são possíveis e as probabilidades de cada um acontecer são conhecidas. Quando tais probabilidades são desconhecidas, a situação denomina-se incerteza. Em sentido mais concreto, é a condição de um investidor, ante as possibilidades de perder ou ganhar dinheiro. Os juros ou o lucro são explicados como recompensas recebidas pelo investidor por assumir determinado risco de incerteza econômica, relativa a eventualidades como modificações nas taxas de câmbio, recusa do produto pelo consumidor ou investimento numa atividade cujos resultados sejam negativos, isto é, revelem prejuízo. Em termos históricos, a análise científica do risco tem início no século XVII, em pleno Renascimento, quando por volta de 1650 o Cavaleiro de Meré desafiou o matemático francês Blaise Pascal a solucionar o problema de como apostar num jogo de azar (o jogo de balla) interrompido quando um dos jogadores levava considerável vantagem sobre o outro. O desafio havia sido formulado uns duzentos anos antes pelo criador das partidas dobradas, o contabilista e matemático italiano Luca Paccioli. Pascal pediu ajuda a Pierre de Fermat, outro matemático francês que tinha por principal atividade a advocacia. A solução deste último do jogo de balla interrompido permitiu que pela primeira vez os homens pudessem prever o que iria acontecer no futuro com a ajuda de números como o cálculo de probabilidades. No início do século XVIII, esses conhecimentos já eram utilizados para o cálculo ou tabelas de expectativas de vida que o governo inglês utilizava para se financiar mediante a venda de títulos (de dívida) de anuidades vitalícias. Outro negócio florescente, baseado também no cálculo numérico das probabilidades, eram os seguros marítimos, numa época em que o comércio florescia e os marujos eram considerados os trabalhadores mais produtivos pelo ideário mercantilista. Em 1730, outro matemático francês, Abraham de Moivre, apresentou a Distribuição Normal (Curva em Sino, mais tarde formalizada por Gauss) e desenvolveu o conceito de Desvio Padrão. Ambos os conceitos são essenciais para a atividade de quantificação do risco em nossos dias. Poucos anos depois, Daniel Bernouilli desenvolveu os conceitos essenciais de como as pessoas tomam decisões e realizam escolhas entre alternativas. No desenvolvimento de suas concepções, formula pela primeira vez o que mais de um século depois serve de alicerce para os fundadores da Escola Marginalista ou da Utilidade Marginal (o princípio da utilidade marginal decrescente): “A satisfação gerada numa pessoa por qualquer pequeno aumento de sua riqueza é inversamente proporcional à riqueza já possuída por tal pessoa.” Ao mesmo tempo que Bernouilli chegava a tais conclusões, outro matemático, Gottfried von Leibniz, advertia que a natureza estabeleceu padrões que se repetiam, mas só “na maior parte dos casos”. Isto é, os eventos se repetem, porém também se modificam, o que contribuiu para Bernouilli criar a Lei dos Grandes Números, e os métodos de amostragens tão vitais para as questões econômicas, administrativas e financeiras que envolvem a avaliação do risco. No início do século XIX, Laplace formulava o Teorema do Limite Central: a tendência de que as médias de médias reduzem extraordinariamente a dispersão no entorno da grande média ou da média principal permite estabelecer que, se uma população tem uma distribuição normal, a distribuição das médias amostrais retiradas da população também tem uma distribuição normal, para qualquer tamanho da amostra, simplificando de maneira crucial o número de informações necessário para que se tomem decisões sobre o conjunto de uma população a partir de uma amostra dela. Quase um século depois, o matemático e estatístico inglês Thomas Bayes deu uma enorme contribuição ao combinar, no processo de tomada de decisões, informações velhas com informações novas. De que maneira articular as informações para que as decisões sejam mais acertadas se a sequência na qual as informações estão disponíveis não é a mesma da tomada de decisões? Francis Galton, no último quartel do século XIX, com sua descoberta da regressão à média (tão importante para a previsão a respeito do comportamento futuro dos fenômenos), e Harry Markowitz, com sua explicação matemática de 1954 (que lhe valeu um Prêmio Nobel de Economia em 1994) de por que é inaceitavelmente arriscado colocar todos os ovos numa cesta só, isto é, por que a melhor saída é a diversificação, completaram as bases essenciais utilizadas até hoje nas decisões que envolvam risco. Veja também Curva Normal; Incerteza; Marginalismo; Markovitz, Harry; Moral Hazard.