Abordagem de David Ricardo relacionada com o comércio internacional. Esta abordagem aparece pela primeira vez no Ensaioacerca da influência do baixo preço do cereal sobre os lucros do capital e que vai ganhar a forma de uma teoria do comércio internacional nos Princípios de Economia Política e Tributação. Ricardo formula, de fato, uma teoria dos custos comparativos cujo resultado é que cada país deveria se especializar na produção daquele bem em que possui vantagem relativa, mesmo que não absoluta, no custo de produção. A ideia dos custos comparados é simplesmente a de que a relação entre os custos de produção dos bens dentro de cada país vai orientar a escolha de quais serão produzidos internamente (e para a exportação) e quais serão importados. Ricardo afirmava que o comércio internacional seria vantajoso na medida em que fosse possível obter uma mercadoria a um custo menor do que aquele que se teria ao produzi-la internamente. Esta visão indicava que, na verdade, para cada país o custo da mercadoria importada é igual ao custo de produção das mercadorias que são exportadas em troca dela. Assim, cada país valoriza as mercadorias de acordo com o seu custo de produção interno, o que significa que mesmo a mercadoria sendo importada e tendo sido produzida a custos diferentes, seu valor para aquela nação será igual ao quanto se gastaria se esta tivesse sido produzida internamente. Ricardo usou o famoso exemplo do comércio de vinhos e tecidos entre Portugal e Inglaterra para exemplificar este argumento, mostrando que mesmo que a Inglaterra fosse menos eficiente na produção de ambas as mercadorias, bastava que Portugal produzisse tecidos mais caros em termos de vinhos e a que a Inglaterra produzisse tecidos mais baratos em termos de vinho, para que se estabelecesse um comércio vantajoso entre Portugal e Inglaterra. Podemos apresentar o exemplo de Ricardo de forma simplificada por meio da tabela abaixo.
[INSERIR TABELA]
Desta maneira, mesmo que o custo do tecido fosse mais baixo em Portugal do que na Inglaterra, seria interessante para o primeiro produzir apenas vinho e exportá-lo em troca de tecidos, pois haveria um ganho de 10 horas de trabalho no nosso exemplo. Para a Inglaterra o ganho seria maior — 20 horas — se produzisse apenas tecido e o exportasse para Portugal. Cada país deveria, portanto, empregar todo o seu capital e o seu trabalho na produção que apresentasse maiores vantagens comparativas: a Inglaterra produzindo e exportando tecidos e Portugal produzindo e exportando vinhos. Era com base neste raciocínio que Ricardo via uma oportunidade de comércio sempre que os custos de produção das mercadorias fossem diferentes entre os países. Este tipo de comércio geraria ganho sempre para ambos os lados da transação. Veja também Ricardo, David.