Relação entre a variação relativa na quantidade procurada ou ofertada de um bem e uma variação relativa de seu preço. O coeficiente de Elasticidade-Preço da Demanda pode ser obtido dividindo- se a variação percentual da quantidade demandada pela variação percentual dos seus preços. Caso o coeficiente seja maior do que 1, a procura é dita elástica, ou seja, uma variação percentual no preço resultará numa variação percentual maior na quantidade procurada. Se o coeficiente for igual a 1, a demanda tem elasticidade unitária — haverá a mesma variação percentual na quantidade demandada e no preço. Quando o coeficiente é menor que 1, a demanda é inelástica — uma variação percentual no preço resulta numa variação percentual menor na quantidade demandada. De modo semelhante, o coeficiente da Elasticidade-Preço da Oferta é obtido pela divisão da variação percentual da quantidade ofertada pela variação percentual dos preços. Assim, haverá oferta com elasticidade unitária quando o coeficiente for igual a 1; oferta elástica, quando ele for maior que 1, e oferta inelástica, quando for menor que 1. A Elasticidade-Preço da Demanda (o cálculo por dentro e por fora) A ideia por trás do conceito de Elasticidade-Preço da Demanda parece quase autoevidente: se o preço de determinado produto aumenta, a demanda por esse produto tende a diminuir; se o preço cai, a procura tende a aumentar. Ou seja, trata-se de uma relação inversa. Mas, como já assinalamos, a demanda por alguns produtos pode não sofrer alteração significativa como reação a variações em seus preços. O sal, por exemplo, tende a ser procurado em quantidades que não se alteram com variações no seu preço. Alguns produtos podem até exibir uma relação direta entre sua demanda e seu preço – geralmente são produtos supérfluos cuja imagem de qualidade (e, portanto, sua demanda) associa-se a seu preço: quanto mais caro for o produto, mais desejável se torna como acontece com os bens de Giffen. Independentemente do comportamento estranho de alguns produtos, a ideia geral da Elasticidade-Preço da Demanda faz sentido e tende a ser aceita como verdadeira, sendo aplicável à maioria dos bens. Em termos genéricos, e em representação gráfica, a ideia poderia ser representada:
[INSERIR GRÁFICO]
Em geral, a ideia é aceita como válida e é utilizada com frequência, mas, à primeira vista, sem grande preocupação com sua quantificação: mede-se a variação percentual no Preço e, em seguida, mede-se a variação percentual na Quantidade demandada, relacionando-se uma variação com a outra. Isso, naturalmente, com base em fatos já ocorridos. Por exemplo: foi amplamente noticiado que, em decorrência de uma redução do IPI sobre produtos de consumo durável (automóveis e eletrodomésticos) em 2009, equivalente a “x%” do preço final, a venda de tais produtos aumentou em “y%”; nesse caso, o grau de Elasticidade-Preço sobre a Demanda seria dado pela divisão de “y” por “x”. Se, por exemplo, a redução do imposto correspondesse a uma redução de 2% no preço e se o aumento consequente na Demanda fosse de 3%, o grau de Elasticidade seria de 3/2 = 1,5. De fato, determinar o grau de Elasticidade-Preço de um produto, depois de ocorridos os fatos relevantes, não é difícil. Mas, quando se pretende efetuar um processo de planejamento empresarial, para o qual provavelmente será necessário empreender esforços de projeção de resultados, pode ser necessário incluir os efeitos da Elasticidade antes de ocorrerem os fatos e, para tanto, será necessário estimar a Elasticidade para poder introduzi-la nos cálculos de projeção. Para ilustrar a situação, suponha-se que uma organização pretenda lançar um produto cujo preço unitário (determinado por pesquisa de mercado) seja de $10,00; suponha-se, ainda, que a organização sabe (ou intui) que a demanda pelo produto em questão se sujeita aos efeitos da Elasticidade, mas não sabe o grau desse efeito e, portanto, deseja simular volumes de demanda em função de diversas hipóteses quanto ao grau de Elasticidade combinadas com hipóteses alternativas quanto ao preço unitário. Finalmente, admita-se que a organização estima poder ingressar no mercado vendendo 1.000 unidades do produto em questão por ano. Nessas condições, a organização projetaria suas Receitas de Vendas como segue: $10,00 por unidade × 1.000 unidades = $10.000,00. Em seguida, desejando prever o efeito que uma eventual redução no preço causaria em seus custos de produção em decorrência do aumento na demanda desencadeado pela redução no preço, e presumindo que o aumento na demanda seria exatamente proporcional (proporção inversa) à redução no preço, a empresa calcula: $8,00 por unidade (redução de 20%) × 1.200 unidades (aumento de 20%) = $9.600,00. Para testar o efeito de um eventual aumento no preço unitário, calcula: $12,00 por unidade (aumento de 20%) × 800 unidades (redução de 20%) = $9.600,00. Os resultados obtidos com ambas as projeções alternativas causam certa surpresa: se a premissa é de que a Elasticidade levaria a variações opostas, mas exatamente proporcionais, entre preço e demanda, seria de se esperar que uma compensasse a outra de maneira que o produto das duas variáveis – Preço × Quantidade – se mantivesse estável (equivalente a $ 10.000,00), o que claramente não ocorreu nos cálculos demonstrados acima. Essa aparente inconsistência tem suas origens em fenômeno semelhante, em certo sentido, ao cálculo da taxa de juros, de crescimento etc. “por dentro” como oposto ao “por fora”. Quando se diz, por exemplo, que a alíquota do ICMS é de 25% nas contas de energia elétrica, isso quer dizer (no caso desse imposto) que o valor do tributo devido está “dentro” do valor final da fatura. Assim, uma conta de luz de $1.000,00 inclui ICMS de $250,00, o que significa que o valor da energia fornecida foi de $750,00. Portanto, se a base de cálculo do imposto fosse o valor do fornecimento, a alíquota teria que ser fixada como 33% para produzir o mesmo valor recolhido ao governo – nessa forma, o imposto seria “por fora”. Nesse tipo de situação, para calcular o valor final (total a pagar), a partir do valor inicial (valor do consumo) e sabendo-se a alíquota do imposto, basta dividir o valor inicial por 1 menos a alíquota (em termos decimais). Assim: Valor Inicial (consumo de energia): $750,00; Alíquota: 25% Cálculo: $750,00 / (1 – 0,25) = $750,00 / 0,75 = $1.000,00. Analogamente, para se calcular o efeito da Elasticidade-Preço sobre a Quantidade Vendida de um bem (supondo que o grau de Elasticidade seja 1), basta dividir a Quantidade Inicial por 1 menos o percentual de redução (ou mais o percentual de aumento). Voltando ao exemplo dado anteriormente: Redução do Preço Preço Inicial = $10,00; Preço Final = $8,00; Variação = – 20% Quantidade inicial = 1000; cálculo da Cálculo da Quantidade Final: 1.000 / (1 – 0,20) = 1.000 / 0,80 = 1.250. Aumento do Preço Preço Inicial = $10,00; Preço Final = $12,00; Variação = + 20% Quantidade Inicial = 1.000; Cálculo da Quantidade Final: 1.000 / (1 + 0,20) = 1.000 / 1,20 = 833,33. Para conferir esses cálculos, lembrando que assumimos grau de Elasticidade 1 (em que, presumivelmente, variações no Preço são perfeitamente compensadas por variações na Quantidade), obtemos: Redução do Preço Inicial: Receita de Vendas = $10,00 × 1.000 = $10.000,00; Veja também Bem de Giffen; Elasticidade-Renda da Demanda; ICMS.
ELASTICIDADE-PREÇO