Na abordagem walrasiana existem dois pressupostos fundamentais: a concorrência e a busca do equilíbrio. A concorrência pura implica que nenhum participante pode influenciar os preços dos produtos. Esta igualdade no mercado supõe que o sistema tende ao equilíbrio. Mas nesta trajetória de tendência ao equilíbrio é necessário estabelecer como se formam os preços iniciais. Walras recorre ao “secretário de mercado”, que dita os preços iniciais e cuida para que ocorram ajustes na oferta e na demanda de modo que se realize o equilíbrio. Este secretário de mercado, também denominado leiloeiro walrasiano, ou, ainda, o commissaire-priseur, é considerado pelos neoclássicos, não uma hipótese como afirmam os críticos de Walras, mas como um recurso metafórico. A necessidade deste recurso para a explicação do equilíbrio geral não deixa de ser uma expressão de contradição de um modelo descentralizado, mas que necessita de uma figura centralizadora que define os preços iniciais e cuida para que o equilíbrio seja alcançado. Em Walras, a livre-concorrência tomada como ponto de partida, como hipótese de trabalho, aparece também como o melhor regime possível, ou ainda, como a demonstração de uma ordem que, quando deixada livremente (sem intervenção estatal, embora com a presença do secretário de mercado), engendra o ótimo social. Veja também Walras, Leon.