Economista e matemático inglês, principal representante da segunda geração da escola marginalista inglesa ou escola de Cambridge. Influenciado por Cournot, Von Thünen e Bentham, transformou vários argumentos de Ricardo e Mill em proposições matemáticas. Em 1879 foram publicados Pure Theory of Foreign Trade (Teoria Pura do Comércio Exterior), Pure Theory of Domestic Values (Teoria Pura dos Valores Internos) e Elements of Economics of Industry (Elementos da Economia da Indústria), este último em colaboração com sua mulher. Onze anos depois surgiu sua principal obra, Princípios de Economia. Marshall procurou dar um tratamento mais científico à economia, buscando um denominador comum para medir a atividade humana. Assim, em Princípios, analisa as relações entre a oferta, a procura e o valor, caracterizando o comportamento econômico humano de uma perspectiva hedonista, como um delicado equilíbrio entre a busca de satisfação e a negação do sacrifício. Combinando a utilidade marginal com o custo real subjetivo, o valor é determinado, segundo Marshall, pela atuação conjunta das forças que se localizam na oferta e na procura. Assim, atrás da procura está a utilidade marginal, expressa nos preços de procura dos compradores; e atrás da oferta localizam-se o esforço e o sacrifício marginal dos produtores, refletidos nos preços de oferta em que os produtos são produzidos. Nessa análise, o custo de produção surge também como determinante do valor. Marshall diferencia gastos de produção e custo real de produção, que consiste na desutilidade do trabalho junto com o sacrifício de poupar o capital necessário à produção de uma mercadoria. Marshall aplicou esse esquema geral a todo o campo de atividade econômica. Desse modo, o consumidor obteria uma renda por meio de um processo de equilíbrio entre a desutilidade do esforço e a utilidade derivada do gasto da renda obtida com essa desutilidade. Do mesmo modo, o modelo de seu gasto seria determinado pela utilidade obtida por uma mercadoria, à custa da utilidade perdida ao não comprar outras mercadorias. Marshall também sugeriu que, se os custos monetários de produção de duas mercadorias fossem iguais, os custos reais também seriam semelhantes. A partir dessa analogia, elaborou o conceito, desenvolvido antes por Dupuit, de “excedente do consumidor”, que expressaria o excesso de satisfação experimentado pelo consumidor ao comprar um bem por um preço menor do que estaria disposto a pagar antes de pensar em adquiri-lo. A contribuição de Marshall ao problema do valor e do preço também está em sua análise do equilíbrio entre a oferta e a procura. Ele distingue diferentes períodos de tempo em que as forças do mercado tendem a estabelecer o equilíbrio: o “valor de mercado”, determinado quando a oferta é fixa; e os “valores normais”, determinados num período curto, quando a oferta pode aumentar mediante estoques de trabalho, e a longo prazo, quando há modificações no processo produtivo. Finalmente, sugere que o valor deveria ser considerado “não estático” quando há mudança em todos os dados econômicos: população, gostos, técnica, capital e organização. A distinção entre diferentes graus de equilíbrio da oferta e da procura ajudou Marshall a relacionar todas as categorias econômicas, ligando os problemas da oferta, da procura e do preço das mercadorias aos dos fatores de produção. Desse modo ele inter- relacionou a troca, a produção e a distribuição. Tal análise do equilíbrio originou muitos conceitos atualmente de uso generalizado, como as noções de “elasticidade da oferta e da procura” e o “princípio de substituição”. Também está implícita, nessa teoria do equilíbrio do valor, uma teoria da distribuição. Pelo uso do fator tempo, Marshall distingue entre fatores que determinam os preços e aqueles que são determinados pelos preços. E mostrou que essa distinção não era absoluta, exceto no caso da renda da terra (sempre determinada pelo preço), pois dependia de períodos de tempo. Mas, a curto prazo, a remuneração de muitos fatores é semelhante à remuneração da propriedade do solo (a renda da terra), que produziu o que ele chamou de “quase renda”. Quanto ao capital e ao trabalho, Marshall afirmava que, a longo prazo, as remunerações desses fatores deveriam ser iguais a seus custos marginais: o juro tenderia a ser igual ao sacrifício marginal da poupança, e os salários, iguais à desutilidade marginal do esforço. A produtividade marginal dos salários e dos juros deveria ser considerada parte de uma teoria completa da distribuição. Marshall escreveu ainda Money, Credit and Commerce (Dinheiro, Crédito e Comércio), 1923. Devido à popularidade de seus livros e de suas aulas (foi professor de economia política em Cambridge de 1885 a 1908), exerceu enorme influência na formação da geração posterior de economistas.