Político e financista brasileiro, Joaquim Duarte Murtinho nasceu em Cuiabá, MT, no dia 7 de dezembro de 1848 e faleceu no Rio de Janeiro em 18 de novembro de 1911. Fixou-se no Rio de Janeiro ainda adolescente, quando se matriculou no Colégio dos Padres Paiva (1864), a fim de completar os estudos iniciados em Mato Grosso. Fez em seguida os cursos de Engenharia (1870) e Medicina. Doutorou-se em Medicina com a tese Estado Patogênico em Geral (1873). Obteve por concurso o título catedrático da Escola Central, depois Escola Politécnica, ocupando a cadeira de Ciências Naturais, posteriormente a de Biologia e, em seguida, a de Economia Política. Como professor da Escola Politécnica, dedicou-se à clínica homeopática que lhe propiciou grande renome. Foi médico particular do marechal Deodoro da Fonseca e de outras personalidades. Senador por Mato Grosso (1894), foi reeleito em 1903 e em 1907. Fundou o Instituto Hahnemanniano do Brasil e foi eleito seu presidente perpétuo. Em 1909, como senador da República, presidiu a Delegação do Brasil enviada à IV Conferência Pan-Americana, reunida em Buenos Aires. Exerceu o Ministério da Indústria Viação e Comércio na interinidade do Vice- Presidente Manoel Vitorino Pereira, no quatriênio do presidente Prudente de Morais, de 20 de novembro de 1896 a 1º de outubro de 1897. A parte introdutória do relatório sobre sua gestão na pasta é peça de incontestável valor histórico. Campos Sales, futuro presidente da República, definiu-a como “um excelente programa de Governo, traçado com grande elevação e muito patriotismo. Sobretudo com rara coragem”. Neste documento, que termina com apelo no sentido de “Republicanizar a República”, Murtinho defende as ideias do liberalismo econômico e alerta contra a difusão do socialismo, “que está invadindo o espírito dos homens públicos, embora não houvesse, pondera, “partido socialista arregimentado”. Combateu por igual o protecionismo, que vinha sendo ensaiado com intermitência, desde a passagem de Rui Barbosa pelo Ministério da Fazenda (1889-1890), acarretando dificuldades econômicas e financeiras, segundo suas próprias palavras, “por uma compreensão falsa de patriotismo e uma pletora não menos falsa de capitais”. O Estado não tinha qualquer relação com o serviço de Correios, Telégrafos, Estrada de Ferro e Abastecimento de água — tudo isso resultando, no entender dele, da aplicação de princípios socialistas. Daí a posição que tomou, propondo o arrendamento da Estrada de Ferro Central do Brasil, vigorosamente combatida por Paulo de Frontin (1860-1933). Convocado por Campos Salles, Murtinho foi ministro da Fazenda de 15 de novembro de 1898 a 2 de setembro de 1902, data em que deixou o cargo para garantir o seu retorno ao Estado Federal em 1903. À frente de sua pasta, foi o fiel executor do funding loan, como ficou sendo conhecida a consolidação da dívida externa de acordo com o contrato celebrado entre o governo brasileiro e os banqueiros ingleses, M. N. Rotschild and Sons (1898). Joaquim Murtinho desenvolveu uma política econômica de grande austeridade fiscal e aumento da carga tributária. Tal política levantou fortes protestos, e o presidente passou a ser chamado de “Campos Selos” pela população descontente, numa alusão aos tributos cobrados por intermédio da compra de selos. O Correio da Manhã, recém-fundado (1901) por Edmundo Bittencourt (1866-1943). iniciou violenta campanha contra o governo, destacando-se no combate à política financeira de Murtinho, o engenheiro e economista Luis Rafael Vieira Souto (1843-1922). na imprensa, e Fausto Cardoso (1864-1906). na Câmara dos Deputados. Veja também Dívida Externa; Funding Loan; Política Fiscal.