Conjunto de transformações ocorridas nas relações de troca entre a Europa e o resto do mundo no período que vai do século XV ao XVII. Decorreu da formação dos mercados nacionais e do desenvolvimento do comércio no continente europeu, a partir do século XI. Incrementando a economia monetária e o comércio com o Oriente, dominado até fins do século XV por genoveses e venezianos, a Revolução Comercial foi o fator determinante da destruição do feudalismo. O ponto culminante da Revolução Comercial foi a descoberta do caminho das Índias através do Atlântico por Vasco da Gama (1498), o que acabou com a hegemonia das cidades italianas que dominavam as rotas comerciais entre o Ocidente e o Oriente pelo Mediterrâneo. Com esse feito e a descoberta do Novo Mundo por Colombo, Portugal e Espanha e, mais tarde, Inglaterra, Holanda e França ascenderam a potências comerciais. Abriram-se para a Europa as fontes fornecedoras de especiarias da Ásia e da África, além das riquezas minerais do Novo Mundo. A ampliação do comércio mundial, englobando quatro continentes, tornava-se uma monumental fonte de recursos para os mercadores europeus. Só na primeira viagem de Vasco da Gama os portugueses auferiram lucros de 6.000%. A Europa abarrotava-se de seda, chá, noz-moscada, pimenta, cravo — as famosas especiarias —, até então trazidas do Oriente com dificuldade e a preços elevados. Formaram-se então as grandes companhias de comércio (Índias Ocidentais e Índias Orientais), que, aliadas às Coroas europeias, empreenderam a luta pelo domínio das fontes de metais preciosos e especiarias. Com isso, desenvolveu-se o mercantilismo, fruto da acirrada concorrência entre Inglaterra, Holanda, França, Portugal e Espanha. O ouro e a prata proveniente do México e Peru vieram atender à crescente necessidade de cunhagem de moedas, pois a falta desses metais na Europa constituía, havia muito tempo, um obstáculo ao desenvolvimento das relações comerciais no continente e no comércio com o Oriente. O desenvolvimento do comércio e as grandes viagens transoceânicas, bem como a construção de navios e armamento de tropas para garantir a cada potência europeia regiões conquistadas ou descobertas, levaram a um incremento sem precedentes das atividades bancárias; muitos historiadores chegam mesmo a chamar o período da Revolução Comercial de Idade dos Fugger, a casa bancária mais importante da Europa. A riqueza acumulada na Europa com o comércio colonial, junto com o tráfico de escravos, o saque das terras descobertas e os metais preciosos provenientes do Novo Mundo foram alguns dos elementos econômicos que possibilitaram ao continente os recursos monetários posteriormente aplicados nas atividades produtivas que viabilizaram a Revolução Industrial. Veja também Descobrimentos Marítimos; Mercantilismo.