Processo social que consiste na liberação de indivíduos que trabalham e vivem no meio rural, e que se dedicam às das atividades de plantio e coleta de alimentos. Anterior à formação das cidades, a urbanização surgiu quando a produção regular de um excedente agrícola permitiu que parcelas da população se dedicassem exclusivamente a práticas artesanais, comerciais, administrativas, militares, políticas ou intelectuais. Com a diferenciação de um grupo encarregado da gerência do excedente agrícola existente e que se instalou numa área distinta daquela que lhe dava os meios de subsistência, surgiu a cidade; no local onde se alojou a camada dirigente instalaram-se também os artesãos, militares e funcionários a ela ligados, constituindo-se assim um núcleo populacional dependente dos alimentos e matérias-primas produzidos no meio rural. Durante cerca de dois milênios foi baixo o índice de urbanização — relação entre a parcela da população que depende dos alimentos produzidos pela outra parcela e a população total. Com o surgimento de novas formas de organização social, novos instrumentos, sistemas de comercialização e especialização da agricultura, a urbanização foi se acentuando. No século XVIII, entretanto, amadureceram as condições que permitiriam a emergência da Revolução Industrial. As atividades fabris se tornaram essencialmente urbanas, em função da necessidade de uma mão de obra concentrada e de uma infraestrutura (com destaque para o domínio da energia a vapor) que somente a cidade poderia oferecer. Os índices de urbanização aumentaram rapidamente, observando-se intensa migração rural-urbana, que ocasionou a concentração de grandes contingentes populacionais em áreas relativamente restritas, constituindo as metrópoles e conurbações (regiões metropolitanas formadas pela junção de cidades). Na segunda metade do século XX, época em que ainda se mantém acentuada a migração campo-cidade nos países subdesenvolvidos, a urbanização tem aumentado pouco nos países desenvolvidos. E a industrialização de zonas rurais vem provocando a crescente aproximação entre estas e as regiões metropolitanas, diminuindo em consequência as correntes migratórias. O crescimento das cidades tanto nos países desenvolvidos como em desenvolvimento resultou na formação de megalópoles em praticamente todos os Continentes. As maiores concentrações urbanas na primeira década do século XXI são: Tóquio (Japão), Mumbay (Índia), Cidade do México, Nova Delhi (Índia), São Paulo (Brasil), Shangai (China) Lagos (Nigéria) Calcutá (Índia) Dacca (Bangladesh), Nova York (Estados Unidos) Karachi (Paquistão), Cairo (Egito) e Buenos Aires (Argentina). A maior concentração urbana do mundo é a área metropolitana de Tóquio com mais de 35 milhões de habitantes. Em 2007 pela primeira vez a população urbana mundial superou a população rural. Devemos considerar, no entanto, que a mensuração do grau de urbanização decorre muitas vezes dos critérios utilizados para determinar o que é urbano e o que é rural. Em alguns casos concentrações de famílias vivendo em vilas e que são consideradas urbanas não perderam ainda suas características notadamente rurais. Por outro lado condições geográficas adversas e/ou peculiares podem dar a uma região uma configuração de elevado grau de urbanização sem que isso corresponda a elevado grau de desenvolvimento. É o que ocorre por exemplo nos países do Oriente Médio onde o grau de urbanização é superior a 90% devido as condições impróprias para a agricultura na maior parte de seu território desértico. Na América Latina, em 2007, 75% da população era urbana. No Brasil a população urbana ultrapassou a rural durante a década de 1970, e pelo Censo Demográfico de 2010 alcançava 84,35%. Veja também Migração.