Sociólogo alemão, um dos autores mais influentes no estudo do surgimento e funcionamento do capitalismo e da burocracia. Sua obra marca uma das principais tendências das ciências sociais, orientada para a compreensão do sentido da ação humana. O objeto da sociologia, para Weber, é o sentido da ação individual, que deve ser buscado pelo método da compreensão ou apreensão da totalidade de significados e valores. Para isso, propõe a reconstrução do sentido subjetivo original da ação e o reconhecimento da parcialidade da visão do observador. Nega a existência de uma só causa dos fenômenos sociais, pois destaca a “adequação de sentido”, isto é, a convergência da ação em duas ou mais das esferas que compõem o todo social (a econômica, a política, a religiosa etc.). Em 1905, Weber publicou seu mais famoso livro, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Nele, procurando especificar as características do capitalismo, detecta uma relação significativa entra a ética protestante e o capitalismo moderno, que floresceu justamente nos países onde predominava o protestantismo calvinista. Faz um estudo comparado de várias civilizações, para demonstrar que nenhum dos outros antecedentes do capitalismo, ou o conjunto deles, constitui a causa do sistema. Conclui que, embora o protestantismo não seja a causa exclusiva, é uma causa necessária do capitalismo. Ampliando o objeto de sua pesquisa, fez uma sociologia comparada do capitalismo e das religiões, procurando relacionar as ideias e atitudes religiosas com as atividades e a organização econômica correspondentes, na obra Estudos Reunidos sobre a Sociologia das Religiões, publicada postumamente em 1920. Weber opõe-se às interpretações baseadas nas leis econômicas clássicas. Elabora, então, uma tipologia para compreender as características particulares de cada momento estudado e define quatro tipos de ação: tradicional (orientada pelos hábitos vigentes), afetiva (orientada pelas emoções), racional com relação a valores (feita por convicção, fé ou dever) e racional com relação aos fins (em que a racionalidade reúne estrategicamente meios e fins). Ao escrever numa época em que os líderes operários alemães sofriam violenta repressão por parte dos aparelhos militar e burocrático do Estado prussiano, Weber analisou as relações entre o poder e os que estão a ele submetidos, vendo as técnicas administrativas como elementos institucionais, destinados a perpetuar as relações de dominação-sujeição. Ao definir uma tipologia das formas que comandam a obediência e conferem legitimidade ao poder, destaca três tipos de dominação política: tradicional, carismática e legal. Cita como exemplo de dominação legal a burocracia, expressão de racionalidade administrativa e superior aos demais tipos de dominação. Para ele, a racionalização mais completa já seria visível na esfera econômica e tenderia a ampliar-se no domínio do político. À racionalização da conduta individual e à cristalização burocrática, o autor contrapõe a liberdade política. Weber foi professor de economia nas universidades de Freiburg (1894-1896) e Heidelberg (1896- 1904), conselheiro da delegação alemã às conferências do Tratado de Versalhes (1919) e integrou a comissão que redigiu a Constituição da República de Weimar. Nacionalista convicto, era, no entanto, contrário ao racismo e ao imperialismo. Junto com Werner Sombart, dirigiu a importante revista Arquivo de Ciências Sociais e Política Social. Além de em Ética Protestante, seu pensamento está sobretudo nas obras Ciência como Vocação (1919), Economia e Sociedade (1922), Wirstschaftgeschichte (História Geral da Economia, uma coletânea de conferências), 1923, e Zur Soziologie und Sozialpolitik (Sobre Sociologia e Política Social), 1924. As teorias de Weber exerceram grande influência sobre as ciências sociais a partir da década de 20, principalmente nos Estados Unidos, onde o sociólogo funcionalista Talcott Parsons se destacou como seu discípulo, em estudos nos quais retoma a análise da ação e da tipologia weberiana. Veja também Burocracia.