Conceito da Teoria do Consumidor desenvolvida por Paul Samuelson relacionando as implicações de decisões econômicas no tempo presente sobre as gerações futuras. A preocupação está em entender a relação entre o curto prazo e o longo prazo. De certa forma, Samuelson está buscando uma resposta ao conceito de Milton Friedman sobre “renda permanente”, isto é, que as variações no consumo das famílias são devidas a mudanças consideradas permanentes na renda e não aquelas resultantes de aumentos imediatos da renda. Isso permitiria a Friedman, criticando os keynesianos, afirmar que as políticas de expansão monetária para combater a crise restaurando a demanda efetiva (cerne da proposta keynesiana) não garantiriam o crescimento do produto no longo prazo. Ou seja, para Friedman a moeda seria neutra no longo prazo. Para Samuelson, as decisões de consumo devem ser analisadas durante o ciclo de vida de um indivíduo e este ciclo é dividido em dois períodos. No primeiro período, durante a juventude, as pessoas podem produzir mais do que necessitam para consumir e, durante a maturidade, no segundo período, elas necessitam consumir mais do que são capazes de produzir. Desta forma, a poupança realizada durante a juventude financiará gastos na velhice e o aumento da capacidade de produzir no presente. Durante o segundo período de vida de um indivíduo considera-se haver uma nova geração que produzirá uma quantidade maior do que aquela que deseja consumir. A poupança da nova geração permite que a primeira geração consuma uma quantidade maior de bens durante a maturidade do que é capaz de produzir. O aumento na capacidade de produzir realizada no primeiro período permite a ampliação do consumo no futuro. Com base nestes modelos é possível perceber a necessidade de adiar as escolhas de consumo em sociedades pobres que necessitam aumentar a produção e a renda, pois a expansão do consumo futuro depende da decisão de poupar no presente. É fácil perceber que esta abordagem traz consequências que ultrapassam o campo da economia e deságuam em questões políticas e sociais de grande relevância. O adiamento do consumo ou uma política de apertar os cintos agora em nome de um crescimento futuro seria aceitável do ponto de vista político e social? Não seria essa a base teórica da famosa frase “primeiro é preciso fazer o bolo crescer para depois repartir”? Se isso for verdadeiro, seria mais fácil realizar tal política num regime político fechado e centralizado como o da China nos dias de hoje do que no Brasil? Mas não podemos esquecer que o crescimento da economia capitalista só ocorre se os produtos forem comprados no mercado pelos consumidores. Ou seja, além de certo ponto não é possível conter o consumo em nome da expansão do investimento. É necessário haver demanda efetiva, pois os investimentos somente serão realizados na expectativa de lucros e estes dependem da venda dos produtos no mercado, e portanto dependem da expansão do consumo. Qual a melhor dosagem entre e consumo imediato e o consumo futuro? As concepções de Samuelson não proporcionam uma receita mas parecem indicar que haveria um ponto ideal que dependeria de cada caso específico. Mas talvez Samuelson nos diga apenas que uma proporção exagerada de consumo (como parte da renda) agora poderia comprometer o crescimento futuro. Veja também Samuelson, Paul.