Sistema monetário no qual o valor de uma moeda nacional é legalmente definido como uma quantidade fixa de ouro, em termos internacionais, e em nível interno o meio circulante tem a forma de moedas de ouro ou notas (papel-moeda) conversíveis a qualquer momento em ouro, de acordo com a taxas de conversão fixadas legalmente. Para que um sistema de padrão-ouro funcione plenamente, duas funções básicas devem ser preenchidas: 1) a obrigação das autoridades monetárias de converter moeda nacional (o meio de circulação interno) por qualquer quantidade de ouro de acordo com a taxa de conversão fixada, o que inclui a cunhagem sem restrições de moeda de ouro do metal trazido com esse fim; e 2) a liberdade dos indivíduos de exportar e importar ouro. As autoridades monetárias estabeleciam uma pequena diferença entre os preços de compra e venda de ouro, para cobrir os custos de cunhagem. Esse sistema “puro” do padrão-ouro admitiu muitas variantes no seu funcionamento prático. A mais importante delas foi o padrão-câmbio-ouro, de acordo com o qual a moeda de um país era trocada pela de outro (dólar ou libra) que estivesse vinculada ao ouro. A adoção do padrão-ouro traz várias consequências internas e externas. Em primeiro lugar, esse padrão estabiliza a taxa de câmbio dentro de limites de variações estreitos em termos de outras moedas, também associadas ao padrão-ouro. Outra consequência é que se existir um déficit no balanço de pagamentos haverá uma tendência de saída de ouro, provocando (se não ocorrer nenhuma medida compensatória pelas autoridades monetárias) uma redução da oferta de moeda. De acordo com a Teoria Quantitativa da Moeda, uma redução da oferta da moeda causaria uma queda de preços internos; com a taxa de câmbio fixa, isto estimularia as exportações e inibiria as importações, e o déficit no balanço de pagamentos seria compensado por um superávit no momento seguinte. O processo de reequilíbrio seria também estimulado pelo fluxo de capitais, que aumentaria no sentido do país deficitário, pois a redução da oferta monetária provocaria uma elevação interna das taxas de juros. Embora tenha surgido no final do século XVII, o padrão-ouro floresceu plenamente no século passado, sendo no entanto abandonado depois da crise de 1929. Veja também Padrão-câmbio-ouro; Teoria Quantitativa do Valor da Moeda.
Teoria
A moeda-mercadoria é difícil de se guardar e transportar. Além disso, ela não permite que um governo manipule ou restrinja o fluxo do comércio dentro de seus domínios com a mesma facilidade que uma moeda fiduciária permite. Desse modo, a moeda-mercadoria deu lugar ao dinheiro representativo, e o ouro e outras espécies foram mantidas como sua contraparte.
O ouro era uma forma comum de dinheiro devido a sua raridade, durabilidade, divisibilidade, fungibilidade e facilidade de identificação,[21] muitas vezes em conjunto com a prata. A prata foi o típico meio de circulação médio, com o ouro funcionando como o metal da reserva monetária.
O padrão-ouro foi especificado de várias formas diferentes, quanto ao modo do atrelamento da moeda ao ouro, incluindo a quantidade de espécie por unidade de moeda. A própria moeda era apenas papel, portanto não possuindo nenhum valor intrínseco, mas era aceita pelos comerciantes pois poderia ser resgatada a qualquer hora pela espécie equivalente. Um silver certificate dos Estados Unidos, por exemplo, poderia ser resgatado por uma peça real de prata.
O dinheiro representativo e o padrão-ouro protegem os cidadãos da hiperinflação e outros abusos da política monetária, como foi visto em alguns países durante a Grande Depressão. No entanto, eles possuíam seus problemas e suas críticas, e portanto foram parcialmente abandonados pela adoção internacional dos Acordos de Bretton Woods. Esse sistema posteriormente entrou em colapso em 1971, na época em que quase todas os países haviam adotado moedas inteiramente fiduciárias.
De acordo com a análise keynesiana, a rapidez com que cada país deixou o padrão-ouro tem relação direta com a recuperação econômica da Grande Depressão. Por exemplo, a Grã-Bretanha e a Escandinávia, que deixaram o padrão-ouro em 1931, recuperaram-se muito mais cedo do que a França e Bélgica, que permaneceram com o ouro por muito mais tempo. Países como a China, que possuía um padrão-prata, quase evitaram inteiramente a depressão. A conexão entre deixar o padrão-ouro, como um forte preditor da severidade da depressão por que passa o país, e a demora na sua recuperação foi mostrada ser consistente para dezenas de países, incluindo aqueles em desenvolvimento. Isto pode explicar por que a experiência e a duração da depressão diferiram entre as economias nacionais.[22]
Diferentes definições
Um padrão-ouro com 100% de reserva, ou um padrão-ouro completo ou padrão-ouro clássico, existe quando uma autoridade monetária possui ouro suficiente para converter todo o dinheiro representativo que ele emitiu em ouro à taxa de câmbio prometida. Ele é algumas vezes chamado de gold specie standard (padrão ouro-espécie) para ser identificado mais facilmente de outras formas de padrão-ouro que haviam existido em várias épocas. Oponentes de um padrão com 100% de reserva consideram tal padrão difícil de implementar, dizendo que a quantidade de ouro no mundo é muito pequena para sustentar a atividade econômica mundial aos preços correntes do ouro. A implementação faria o preço do ouro subir consideravelmente. No entanto, defensores do padrão-ouro haviam dito que qualquer quantidade de ouro pode servir como a reserva: “Uma vez que uma moeda é estabelecida, qualquer estoque de moeda torna-se compatível com qualquer nível de emprego e renda real”.[23] De acordo com eles, os preços dos bens e serviços irão se ajustar à oferta de ouro.
Em um sistema padrão-ouro internacional (que é necessariamente baseado em um padrão-ouro interno, nos países considerados),[24] o ouro (ou uma moeda conversível em ouro a um preço fixo) é usado como meio de pagamento internacional. Sob tal sistema, quando as taxas de câmbio sobem acima ou caem abaixo da taxa fixada por mais do que o custo de enviar o ouro de um país para o outro, grandes fluxos para dentro ou para fora do país ocorrem até que as taxas retornem ao nível oficial. As regras internacionais do padrão-ouro frequentemente limitam e definem quais entidades têm o direito de resgatar a moeda pelo ouro. Sob os Acordos de Bretton Woods, eles eram chamados de Direitos Especiais de Saque (DES).
Fonte wikipedia.